30 de junho de 2011

Pra pensar um pouquinho

"(...) é dito no Ayurveda que, embora as pessoas difiram na constituição, existem certos fatores comuns que causam desordens e doenças que tem um período similar e cujos sintomas podem surgir e destruir a comunidade (as epidemias). Estes fatores nas comunidades são o ar, á água, o local e a época. Ar (...) terrivelmente barulhento, excessivamente conflitante, zunindo e afetado por um odor impróprio, (...) poeira e fumaça. Água (...) excessivamente alterada em relação a odor, cor, gosto e tato, (...) sem aves aquáticas e animais aquáticos em número reduzido. Local (...) (com) cor, odor, gosto e tato muito afetados, (...) (com) problemas devido a répteis, animais violentos, mosquitos, gafanhotos, moscas, ratos, corujas, abutres, chacais, (...) pássaros e cães choram ali, condições dolorosas de vários animais e pássaros; virtudes abandonadas como honestidade, modéstia, boa conduta, bom comportamento e outros méritos, rios agitados e inundados, ocorrência frequente de (...) terremotos (...). A época (...) mostrando sinais contrários, excessivos ou deficientes em relação aos da estação."
"Como todo o universo é formado pelos mesmos cinco elementos, tudo à nossa volta nos afeta, mas nós também afetamos o ambiente. A degradação moral traz impactos ao meio ambiente e subsequentemente aparecem as epidemias e as comunidades são destruídas."
"(...) esquecemos que aquilo que fazemos ao nosso ambiente retornará para nós mais cedo ou mais tarde, pois tudo é cíclico neste universo."

Vinod Verma
Ayurveda - A medicina indiana que promove a saúde integral.

24 de junho de 2011

Tropical français


Hoje, meu blog completou um ano. Mais de 8000 acessos. Eu não esperava. Nunca pensei, inclusive, que fosse gostar tanto da brincadeira. Quando passo mais de uma semana sem postar nada fico ansiosa, com medo de que os leitores assíduos achem que abandonei o blog... Sou só um pouquinho paranóica :)
Pra comemorar o aniversário, ao invés de postar uma receita de bolo, resolvir contar aqui como foi uma noitada que fiz aqui em casa.

Diga-se de passagem, eu adoro receber amigos em casa. Adoro elaborar o cardápio, comprar os ingredientes, as bebidas, preparar tudo e servir. Adoro todas as etapas do processo! Eu lembro de uma festa/brunch de aniversário que fiz para minhas filhas antes de sair de Brasília, para elas poderem se despedir dos amiguinhos da escola em grande estilo. Eu fiz tudo, tudo, tudo. Minto... só não fiz alguns brigadeiros e uns salgadinhos vegetarianos que encomendei num restaurante natureba (só de lembrar deles fico com água na boca, acreditem...), e é claro, também não fiz a decoração com os balões... Algumas amigas até já pediram pra eu colocar as receitas das coisas que fiz no aniversário aqui no blog. Bem, algumas delas eu já postei, como a quiche, a torta de liquidificador e o docinho de frutas secas (mas falta ainda o pão de alecrim e azeitonas, o salpicão, o bolo de chocolate, o bom-bocado, as trufas, quê mais? Acho que tinha mais coisas, mas eu esqueci. Adriana, você lembra?). Enfim, eu achei maravilhoso preparar tudo aos poucos, elaborar os convites, as lembrancinhas, encomendar os brigadeiros, as mesas e cadeiras, contratar a decoração com balões, o pula-pula e a piscina de bolinhas, comprar as flores, montar a mesa com os comes e bebes, servir, ver a casa cheia de pessoas queridas...

Bem, fechando o parêntese, dessa vez a ocasião foi bem diferente. Sem crianças, pra começar. E bemmmmm menos gente, na verdade seis pessoas. O encontro foi uma réplica de outro que fizemos na casa da amiga mais chique que alguém pode ter, regada a vinho late harvest e foie gras. Pra (tentar) ficar à altura, ti punch com rum Haitiano legítimo (e justiça seja feita, trazido pelo marido da amiga mais chique que alguém pode ter, ou seja, o marido-da-amiga mais chique que alguém pode ter) e comidinhas inspiradas no lado de cá do Oceano Atlântico: mix de castanhas brasileiras (de cajú e do pará), bolinho de peixe, escondidinho de carne de sol, salada de abacate e camarão. O ti punch foi a base de suco de cajú, goiaba e maracujá. Ah! E incrementado com raspas de limão... Alguem aí falou siciliano?



Minhas amigas são muito chiques, não? Ops... a chique do meio sou eu, tá?

PS: Eu queria aproveitar pra responder, en passant, uma leitora que me pediu pra postar o endereço da loja que menciono nessa postagem da receita de pavê de cupuaçu. A lojinha fechou e parece que na verdade mudou de endereço... Mas eu não sei onde ela fica agora. Alguem aí sabe do paradeiro da loja?


23 de junho de 2011

São João sem leite - parte III


Numa série de receitas de São João sem leite, não poderia faltar pamonha. Fazer pamonha pode ser bem complicado, se você resolver costurar os saquinhos de palha e ralar o milho com ralador grosso, certo? Pois os seus problemas acabaram! Hoje fiz pamonha no forno, batida no liquidificador. Na verdade, ficou parecido com um pudim de pamonha.



Pudim de pamonha

Ingredientes:

5 espigas grandes de milho bem verdinho
1/2 xícara de leite de soja
2 xícaras de leite de coco
4 colheres (sopa) de açúcar, mais três para caramelizar a forma
2 ovos

Como fazer:

Coloque 3 colheres de açúcar numa forma de pudim. Coloque em cima do fogo bem baixo e deixe o açúcar virar caramelo. Retire os grãos de milho das espigas com uma faca bem afiada. Bata no liquidificador o milho, os leites, os ovos e 4 colheres de sopa de açúcar, até o milho ficar bem batido. Ligue o forno a 180°C. Após 10 minutos, despeje o creme na forma caramelizada e leve ao forno para assar em banho-maria, por aproximadamente uma hora.

 
Fica uma delícia, até fora da época junina! Vai dar pra cantar Flávio José o ano todo!

"Pra todo mundo
A minha cara é de alegria
Porque ninguém tem nada a ver
Com a minha dor
O meu lamento
Ninguém não pode dar jeito
Se todo mundo tem
A marca de um amor..."

9 de junho de 2011

São João sem leite - parte II



Há alguns meses aprendi a fazer canjica, ou curau (esse é mais um caso de invencionisses de nomes para pratos nordestinos, lembra que já falei disso antes?), no site Panelinha. Para ser franca, eu não aprendi a fazer, eu só peguei a receita. E pra dar continuidade às receitas de nosso São João sem leite, resolvi colocar a receita em prática. Mas fiz algumas modificações da receita original, não só trocando o leite por leite de soja e leite de coco, mas também no tempo de cozimento e na quantidade de açúcar indicados na receita do Panelinha. Mas eu não experimentei a receita sozinha. Minha empregada, que é cozinheira de mão cheia, me deu um apoio fundamental! Quando botei a canjica no fogo e comecei a mexer, o creme começou a fazer caroço. Ai, e agora! Ela pegou a colher, começou a mexer energicamente, trocou a panela de fogo, botou numa boca bem fraquinha e os caroços se desfizeram, o creme foi engrossando uniformemente e tudo se resolveu. Ok, essa etapa deu certo. Mas e agora, quando é que tá pronto? "Ah, Marina, depois que a canjica ferver, quando aparecer a "cara de velho", tá cozido". Peraí... "cara de velho"? Rindo muito, ela disse: "Você vai ver". E não é que vi mesmo? Olha aí a Gerlane mostrando a "cara de velho" da canjica, toda enrrugada:


Canjica sem leite

Ingredientes:

6 espigas de milho bem verdinho
200 ml de leite de coco
200 ml de leite de soja
3 col. (sopa) de açúcar
canela em pó a gosto

Como fazer:

Com a ajuda de uma faca retire os grãos de milho das espigas. Bata o milho juntamente com os leites no liquidificador até obter um creme homogêneo. Passe a mistura por uma peneira, separando o líquido do bagaço. Coloque o liquido numa panela, acrescente o açúcar (prove e veja se está doce o suficiente pra você. Eu geralmente uso muito pouco açúcar nas minhas receitas, mas você pode preferir usar um pouco mais) e coloque em fogo bem baixo. Aí vem a parte divertida... Mexa bem (bem mesmo, sem moleza, hein!) o creme até ele começar a ferver. Após o início da fervura você pode parar de mexer a canjica. Observe o creme na panela enquanto ele ferve. Quando o creme começar a enrrugar na superfície, ou seja, quando começar a fazer a "cara de velho", a canjica está pronta!



6 de junho de 2011

São João sem leite - parte I


O São João é sem dúvida a festa mais importante na Paraíba. Na verdade não é simplesmente uma festa mas sim uma enorme manifestação cultural em que pelo menos 90% da população do estado participa diretamente. Os outros 10% são influenciados direta ou indiretamente com o momento, pois todos os moradores da capital acabam desaguando nas pequenas cidades do interior, então, ou você fica na capital e vive alguns dias de pura paz e tranquilidade, ou você mora no interior e passa alguns dias de agito fora do normal.
Como você já deve desconfiar, eu faço parte daqueles que moram na capital e não viajam pra lugar algum. Pra mim, são os melhores dias do ano! A cidade fica vazia, calminha, e pra completar tem o clima do mês de junho que é fresquinho e agradável. Mas não fico trancada em casa, não. Meu pai faz sempre uma festinha no dia de São João e no dia de São Pedro. Tem sempre fogos pras crianças, fogueirinha, milho assado... E falando em comida, pra quem não pode comer laticínios, é sempre difícil achar alguma coisa pra comer além do milho verde. Quero dizer, era, porque agora você vai saber como fazer várias comidas típicas sem usar laticínio!
Eu já postei algumas receitas aqui no blog. O mungunzá (ou canjica), bolo pé-de-moleque, bolo de macaxeira. Por sinal, o mungunzá está sempre no top ten das postagens mais acessadas aqui do blog, pode conferir aí ao lado. (Aliás, acho que alguem tuitou essa postagem do mungunzá... Foi você? Fala aí quem foi, eu queria agradecer!) Além dessas, conheço uma receita de bolo de fubá delicioso que não leva laticínio nenhum. Na verdade é uma mistura de bolo de fubá com bolo de  milho. O meu bolo ficou pretinho porque usei açúcar mascavo.



Bolo de fubá sem laticínio

Ingredientes:

1 lata de milho com o caldo
3 ovos
2 col. (sopa) de óleo
1 vidrinho de leite de coco
2 xícaras de açúcar (eu usei mascavo)
2 1/2 xícaras de fubá de milho do tipo flocão
1 col. (sopa) de fermento
1 pitada de sal

Como fazer:

Misture todos os ingredientes no liquidificador. Despeje a massa (que fica um pouco líquida) numa forma untada e asse me forno pré-aquecido a 200°C por 40 minutos. Antes de tirar o bolo do forno, faça o teste do palito. Se ele não sair limpo, asse por mais alguns minutos. Se você quiser um bolo amarelinho, é só usar açúcar demerara ou cristal.
Até o São João trarei mais receitas típicas, aguarde!

2 de junho de 2011

Amizade


Tenho amigas que ligam, escrevem, e encontram comigo o tempo todo. Tenho amiga que não escreve, mas liga. Tenho amigas que não ligam, mas escrevem. Tenho amigos que não escrevem, não ligam, mas pensam. Tenho amiga que não escreve, não liga, raramente pensa, mas quando pensa, manda uma mensagem enorme, contando tudo o que viveu desde a última vez que falou comigo. Tenho amigos que são meus amigos há anos. Tenho amiga que conheci hoje. Tenho amiga que eu vi, pessoalmente, duas vezes. Tenho amiga que foi minha conhecida a vida inteira, mas só de uns meses pra cá virou amiga. Tenho amigo que conheci no trabalho, foi morar a milhares de quilômetros de distância mas continua meu amigo, fora do trabalho. Tenho namorado que virou amigo (mas não tenho nenhum amigo que virou namorado!). Tenho amigos que foram meus melhores amigos por um tempo, mas eu fui embora e nunca mais os vi, apesar de continuar lembrando deles.
Não são tantos amigos, mas todos tem, ou tiveram, um papel marcante na minha vida. Alguns, passaram só pra me mostrar do que não gosto (ou não preciso) numa amizade, mas isso também vale muito!
E esse negócio de internet... eu não estou em NENHUMA rede social. Uma amiga me disse recentemente: qualquer dia desses, se você não estiver no facebook, você não existirá para a sociedade. Será? Interessante que já ouvi várias pessoas falarem que gostam de morar em cidade grande por conta do anonimato... Alguém ainda consegue ser anônimo, com tantas formas de socialização dos detalhes de sua própria vida?
Eu gosto da internet. Sem ela, não teria mais muitos amigos, certamente, ou então teria que viver sentada numa cadeira escrevendo cartas (eu disse escrevendo cartas, e não digitando e-mailes) pros amigos... Sem internet eu não estaria dividindo minhas invencionices culinárias com ninguém. Ninguém do Brasil, Arábia Saudita, Canadá, Estados Unidos, Portugal, França, Alemanha, Austrália, Holanda, Bélgica, Eslovênia (eu sei, Eslovênia parece impossível, mas sabe como é, tem brasileiro por todo lugar) estaria lendo minhas maluquices. Apesar disso, pouca gente tem coragem/vontade/paciência pra deixar um pitaco por aqui. Fique a vontade! E falando nisso, alguém deixou um pitaco com um link para um video no youtube, que não é um video, é uma música, que é linda (está nessa postagem)! Fala de comida, claro, mas também de liberdade. Liberdade para se viver o que se quer viver. Não sei quem foi, mas obrigada! A música é linda, a voz é linda. E você, que colocou o pitaco, mesmo sem eu saber quem você é, certamente é meu amigo.