24 de dezembro de 2011

Feliz Natal

Nessa época do ano todo mundo fala em família. Todo mundo quer passar o Natal "em família". Acho que todos entendem que família é aquele grupo de pessoas que compartilham o mesmo sangue, e acabamos, quase todos, passando Natal com os parentes, cada um no seu grupo... Quando fui morar na França, a noite de véspera de Natal era uma coisa muito importante pra mim, pois tinha passado 18 festas de Natal com as mesmas pessoas, fazendo as mesmas coisas e comendo as mesmas comidas... Na França, Natal não é obrigação. Festeja quem quer. Com os parentes? Só se quiser. Muita gente passa a noite do dia 24 de dezembro assistindo televisão, como numa noite qualquer... E aí, depois de passar minha primeira noite de véspera de Natal sozinha, longe de qualquer parente, percebi que a data é um mero pretexto. O bom da festa não são os preparativos (na minha família é assim: correria pra comprar presente pra todo mundo e correria pra fazer todo o horror de comida da ceia... fica todo mundo cansado no dia 25!), nem ganhar alguns presentes, mas sim encontrar com a família toda. Todo mundo junto, dando muita gargalhada. Só que na minha família, não interessa se você está de bem ou de mal de alguém. Todo mundo tem que estar junto, na mesma festa, sem necessariamente querer estar lá. Eu, sinceramente, prefiro os almoços na casa da minha tia, em que só vai quem quer mesmo, e as gargalhadas também estão garantidas no menu.

Ano passado, eu tomei a decisão de não passar mais o reveillon na casa de alguém só pra agradar aos outros (e geralmente desagradar a mim mesma). Essa decisão foi relativamente fácil de ser tomada, pois a festa de reveillon não tem tanto apelo cristão quanto o Natal. Começar o ano se agredindo já é começar com o pé esquerdo... Então, reveillon, agora, só onde quero e com quem quero.

Eu não faço a mesma coisa no Natal por respeito a minha vó, que já viveu plenamente 97 anos, e tem no Natal o momento mais importante do ano. Deve ser maravilhoso ter 97 anos e passar uma noite com TODAS as pessoas da família juntas, filhos, netos, bisnetos... Por respeito, passo Natal com ela, mas eu gosto também de ver todos juntos. É legal percebermos com quem nos parecemos, com quem nos identificamos. É muito bom poder proporcionar isso às minhas filhas, fazê-las perceber que temos laços mais fortes com algumas pessoas, que as pessoas mais velhas da família representam, de certa forma, de onde viemos. Lamento muito não estar com minha mãe nesse momento, mas para me consolar me apego mais à ideia "francesa" que essa data não passa de uma data qualquer... ;)
Apesar de gostar demais de todas as pessoas da família, eu gostaria de poder incluir outras pessoa na MINHA família, um pouco como a Isabel Allende, que tem uma "tribu" composta não só pelos filhos e netos, mas também pelos agregados, amigos, enteados, filhos postiços e um monte de gente com quem ela se afina. Quem sabe um dia não viro uma matriarca e resolvo agregar um monte de gente à minha família?

Eu acho que família não é só sangue, mas também alma. Nesse momento estou pensando em algumas pessoas que considero ser minha família de alma... Vou pensar nelas durante o Natal, para tê-las por perto, nem que seja no coração. Até o dia em que eu consiga reunir todo mundo fisicamente perto de mim. Como faz a minha vó com seus filhos, netos e bisnetos, todo ano, na noite dia 24 de dezembro.

Feliz Natal para todos vocês! Depois posto as receitas da noite!

30 de novembro de 2011

Ghee


Já faz algum tempo, decidi que postaria a receita de ghee, ou manteiga clarificada, que é um jeito indiano de processar a manteiga e uma das bases da culinária (e da farmacologia) ayurvédica. Já li algumas fontes que afirmam que o ghee é livre de lactose, e portanto pode ser consumido pelos intolerantes à lactose também. Eu não tenho como provar isso, pois como vocês sabem, não sou intolerante à lactose, mas sim alérgica à proteína do leite. Uma amiga intolerante corajosa resolveu ser minha cobaia, e constatou que não teve nenhuma reação adversa com  a ingestão de ghee! MAS, ainda assim, sugiro que, caso você tenha intolerância à lactose, faça sua própria experiência, ingerindo um pouquinho de nada, aos poucos, pra ver se sua reação é tão boa.

Ainda não tinha colocado a receita por aqui pelo simpes fato de nunca ter lembrado de contar o tempo de fervura da manteiga. Não há dificuldade em fazer ghee, mas nas primeiras vezes sempre nos perguntamos quando temos que desligar fogo. Se não ferver o suficente, o ghee ainda guarda algumas impurezas, e se fervermos demais, ele queima, o que dá um gosto de queimado à manteiga. Contar o tempo ainda é uma coisa que reserva alguma subjetividade, pois o cozimento depende também da panela que se usa e da quantidade e da qualidade da manteiga que se põe pra ferver. Até a marca da manteiga influencia no tempo de cozimento do ghee (isto está ligado à qualidade de cada marca de manteiga, claro).
Hoje sei de olho quando desligar a panela, mas já errei algumas vezes e ainda erro de vez em quando, dependendo do humor na cozinha ;). Com a prática, a gente começa a perceber quando o ghee está pronto pelo "jeito" dele. Mas explicar esse "jeito" numa receita... difícil, não é mesmo?
Bem, para minimizar ao máximo suas possibilidades de ter uma primeira experiência frustrante, e daí desistir pra sempre de fazer ghee, tentei sistematizar ao máximo a elaboração da manteiga. Usei 3 potes de manteiga sem sal da marca Itacolomy (juro que não fui patrocinada, mas na minha cidade não existem muitas marcas de manteiga sem sal  disponíveis no mercado... das que encontro em João Pessoa, essa marca é a que faz o ghee mais gostoso), e uma panela de inox, daquelas de fundo triplo, com 18 cm de diâmetro.
Coloque os tabletes na panela e ligue o fogo bem baixo. Espere a manteiga derreter e ferver. No início, se forma uma espuma branca na superfície da manteiga derretida, mas não se preocupe que quando começar a ferver, a espuma vai desaparecer aos poucos. A partir do início da fervura, comece a contar o tempo: 25 minutos. 

Depois de 25 minutos você vai observar que o jeito da fervura mudou. A espuma branca desapareceu quase completamente, a fervura está mais silenciosa e algumas bolhas transparentes se formam na superfície da manteiga. A manteiga em si virou um líquido dourado bem transparente (durante a fervura ela fica amarela fosca), e mexendo um pouco os traços de espuma da superfície, você pode ver o fundo da panela, que a essa altura deve conter uma borra amarelo escuro manchada de branco. 
Ok, desligue o fogo. Acomode uma peneira em cima de uma tigela não muito grande, mas relativamente funda e por cima da peneira, coloque um paninho de prato de algodão resistente. Verta a manteiga por cima do pano de prato, para que ela coe e as impurezas fiquem retidas no paninho. Muito cuidado para não se queimar, por favor, ;). Da tigela, transfira o ghee para potinhos de vidro com tampa. Rende uns três potinhos daqueles de geléia de tamanho médio.

Você deve obter um líquido amarelo ouro transparente com um cheiro delicioso de caramelo. No nosso clima "fresquinho" da Paraíba, se você deixar o ghee fora da geladeira, ele ficará líquido. Se quiser uma consistência mais firme, é só colocar o ghee na geladeira.

13 de novembro de 2011

Hachis Parmentier, ou a versão francesa do Escondidinho


Aqui no Nordeste a gente chama "escondidinho" qualquer prato que leva um tipo de carne coberto por um tipo de purê, e que vai ao forno pra ser gratinado. A carne pode ser carne-de-sol, carne de charque, carne moída, ou até mesmo frutos do mar, camarão (lembram?), frango. O purê pode ser de macaxeira, inhame, batata, ou qualquer coisa que dê purê. Lá na França também tem uma versão, sabia??? Brincadeira... Mas é verdade que o hachis parmentier é um pratinho bem basiquinho da culinária francesa, comida de família, assim como o nosso escondidinho em suas mil versões, e é bem parecido, veja aí: carne moída coberta com purê de batata, o tudo gratinado no forno. 
Milhares de anos atrás eu já queria postar essa receita aqui no blog, mas acredite, não fiz isso até hoje porque nunca conseguia tirar foto do prato antes que os comensais devorassem até as últimas gotas.
Dessa vez vai...


Hachis Parmentier

Ingredientes da carne moída:

400g de carne moída
2 dentes de alho
1/2 cebola picada
um pedacinho de pimentão picado
uma cenoura pequena ralada
1/2 xícara de vinho tinto
1/2 xícara de molho de tomate diluído em meio copo de água
um folha de louro
sal, pimenta do reino, manjerona e cebolinha a gosto

Como fazer a carne moída:

Tempere a carne moída com o alho picado. Refogue a cebola no óleo e quando ela amolecer acrescente a carne moída. Frite a carne até ela ficar bem tostadinha. Coloque o vinho e deixe reduzir. Quando o vinho secar, acrescente o pimentão e a cenoura. Acrescente o molho de tomate diluído, os temperos e deixe cozinhar com a panela tampada por alguns minutos até o molho engrossar. Reserve.

Para fazer o purê:

Cozinhe em água algumas batatas (uns dois quilos). Quando as batatas estiverem bem cozidas, escorra a água do cozimento, deixe-as esfriar e retire as cascas. Amasse as batatas com as próprias mãos e acrescente sal a gosto e umas duas colheres de sopa de manteiga. Misture as batatas amassadas e a manteiga com um garfo, até formar um purê um pouco rústico. Reserve.

Para montar o hachis:

Unte uma travessa retangular com azeite e coloque a carne moída no fundo. Disponha por cima o purê com a ajuda de uma colher. Acrescente alguns pedaços de manteiga gelada por cima do purê, cubra a travessa com papel alumínio e coloque em forno médio pré-aquecido, até a manteiga derreter completamente. Sirva a seguir.





3 de novembro de 2011

Torta de maracujá



A minha mãe já me explicou umas 349 vezes a diferença entre massa sablée, brisée e sucrée. Eu simplesmente não decoro. Sei que uma(s) leva(m) ovo, outra(s) não, uma(s) leva(m) açúcar, outra(s) não. Então, na dúvida, sempre que faço uma torta, uso aquela massa básica de quiche que já postei aqui. Isto está começando a me entediar, sabem?
O tema "torta doce" me consome já faz alguns dias. Eu já andava namorando umas receitas de um livro de Martha Stewart sobre tortas (Martha Stewart's New Pies and Tarts, Potter, New York), e até tinha colocado em prática uma receita, mas não gostei, e quase desapaixono do livro... Semana passada ganhei da minha tia alguns maracujás do quintal da casa dela, e não queria fazer o suquinho básico com eles. Além disso, tenho tido vontades repentinas de comer sobremesas elaboradas, vontades essas que simplesmente não podem ser saciadas em uma doceria qualquer, pois por aí tudo leva laticínio. Juntei o meu tédio com a mesma receita de massa, o livro da Martha, os maracujás da minha tia e o desejo de comer sobremesa e inventei uma receita de torta de maracujá, com massa docinha, e recheio de mousse de maracujá.
A massa é a receita de massa sablée da Martha Stewart (maman, depois me conta se a receita está certa?;), o recheio foi uma invencionisse minha. Aliás, se você não tiver disposição para fazer uma massa, sirva esse recheio como mousse, e pronto.

Torta mousse de maracujá

Ingredientes da massa:

1/2 xícara de açúcar de confeiteiro
3/4 de xícara de manteiga gelada
1 1/2 xícara de farinha de trigo
uma pitada de sal
um pouquinho de água (opcional)

Como fazer a massa:

Misture a manteiga e o açúcar até formar uma farofa úmida. Acrescente a farinha, incorpore bem na mistura de açúcar e manteiga e forme uma bola de massa. A receita original não indica  autilização de água, mas no final da receita achei a massa muito quebradiça. Se você não tiver paciência pra trabalhar uma massa tão desestruturada, tente adicionar água bem aos poucos, de colher em colher. Acho que duas colheres de sopa de água são mais do que suficientes pra dar "liga" à massa. Envolva em plástico filme, e coloque pra gelar por no mínimo duas horas. Tire a massa do plástico e vá cobrindo o fundo e as laterais de uma forma de torta com a massa, espalhando com as mãos. Coloque pra assar durante 30 minutos, em forno pré-aquecido a 180 °C. Deixe esfriar em local arejado, e enquanto isso faça o recheio.


Ingredientes do recheio:

2 maracujás
um copo de água
1/2 xícara de creme de leite de soja
3 col. (sopa) de açúcar
1 pacotinho de gelatina sem sabor

Como fazer o recheio:

Retire a polpa dos maracujás com uma colher. Separe uma colher de sopa de polpa para decorar a torta. Bata o restante no liquidificador com o copo de água. Reserve. Hidrate a gelatina com 5 colheres de sopa de água. Coloque em fogo bem baixo para que ela amoleça. Bata no liquidificador o suco de maracujá, o creme de leite, o açúcar e a gelatina amolecida. 
Disponha o recheio sobre a massa fria. Coloque para gelar até a mousse endurecer. Cubra com a polpa de maracujá que você não bateu, e coloque na geladeira atéa hora de servir.


22 de outubro de 2011

Pão do amor


Conheci uma pessoa engraçadíssima esses dias. No meio de uma conversa regada a muitas gargalhadas, ele me perguntou qual era minha especialidade na cozinha. Um minuto de reflexão... Acho que não tenho especialidade... Ainda sou  muito nova nas panelas para eleger uma especialidade da casa, eu acho. Ou talvez meu espírito curioso prefere sempre inventar e experimentar coisas diferentes, ao invés de repetir o que é conhecido. No final das contas, dei uma meia resposta contando que, especialidade ou não, o que mais gostava de fazer era pão. Qualquer pão. Juntar, misturar, sovar, esperar crescer, amassar de novo, esperar crescer de novo, por no forno, esperar assar, tirar do forno... parece uma gravidez terminada por um parto tranquilo.

Hoje a noite fiz duas receitas de uma vez, para aproveitar o empenho e o forno ligado. Uma doce e uma salgada. Vou contar do pão doce. Ele foi sovado a seis mãos (as minhas e as das meninas) e enquanto sovávamos, eu sugeri que cada uma de nós dedicasse aquele pãozinho a alguém especial: a mais velha dedicou o pão ao pai, a mais nova lembrou da vovó "Suviani", e eu dediquei o pão ao meu irmão querido, que vejo tão menos do que gostaria e que agora é Capitão (morro de orgulho, sou irmã coruja). Eu já disse aqui em alto e bom som que te amo, pois em alto e bom som eu repito: EU TE AMO.


Pao doce de mel e canela

Ingredientes:

2 xícaras de farinha de trigo integral
2 xícaras de farinha de trigo branca
1 pacotinho de fermento biológico seco
1 colher (sobremesa) de sal
4 colheres (sopa) de açúcar demerara
2 colheres (sopa)de mel
1 colher (sobremesa) de canela em pó
4 colheres (sopa) de óleo
1 1/2 xícara de água morna
Farinha de trigo branca para sovar a massa

Como fazer:

Misture um pouquinho da farinha branca, do açúcar e da água morna numa tigelinha. Acrescente o fermento e espere a mistura começar a borbulhar. Esse é o sinal de que o fermento está "vivo". Misture os ingredientes secos numa tigela. Adicione o óleo, o mel e misture bem. Acrescente o fermento diluído e o restante da água aos poucos. Coloque a massa numa superfície plana, enfarinhada e vá sovando a massa, acrescentando mais farinha branca, até a massa deixar de colar nas mãos. Essa massa deve ficar bem macia, quase mole. Sove a massa por alguns minutos, forme uma bola e deixe descansando para crescer. Quando a massa dobrar de volume, amasse-a massa novamente, e forme bolinhas de massa com as quais você vai encher uma forma de bolo. Coloque as bolinhas uma do lado da outra, e sobrepostas. Deixe descansando novamente, até crescer bastante. Asse em forno pré-aquecido a 180°C, por aproximadamente 45 minutos. Desenforme para deixar esfriar. 
Com tanto amor canalizado, o pão não tinha como não ficar ótimo!

12 de outubro de 2011

Voltei


Queridos... voltei mesmo. Pensei que logo depois do frenesi da mudança minha vida voltaria ao normal, mas a verdade é que agora meu tempo extra é bem mais curto. Me desdobro mais ainda pra dar conta de tudo sozinha em casa. E estou aproveitando o máximo que posso meus momentos com minhas filhas, sempre procuro fazer coisas diferentes com elas. Mas prometo dar continuidade às receitas, talvez não com a frequencia de antes, mas constantemente.
Lembram do cacho de banana? Consegui trazê-lo comigo, acreditem... eu sou um ser inferior, não consegui desapegar ;). Ele passou dois meses embaladinho em sacos plásticos no chão da minha cozinha, e continuava verdíssimo. Então, quando eu já tinha perdido a esperança de ver as bananas maduras, um belo dia (segunda feira passada) constatei que elas estavam todas maduras! Coisa mais linda, um monte de bananas magrinhas (pois não ficaram tanto tempo no pé pra ficarem bem gorduchas), mas deliciosas. Claro que a primeira coisa que fiz foi aquele bolo de banana imbatível. Só que no meio do preparado me dei conta que não tinha farinha de aveia, e só um tiquinho de farinha de rosca...
Então o jeito foi improvisar. Coloquei o que tinha de farinha de rosca (meia xícara), completei com aveia em flocos finos (mais meia xícara), e a farinha de aveia substituí por farinha de trigo integral. O resultado foi um bolo um pouco mais seco, mas tão bom quanto o original. E demorou mais um tempinho pra assar, uns 50 minutos.
Já já volto com mais receitas!

24 de agosto de 2011

Mudança

Sumi, mas só fisicamente, penso no blog o tempo inteiro. Além da mudança de endereço, estou enfrentando uma situação nova na vida, que é emocionalmente muito desgastante, apesar de engrandecedora. A mudança em si está me tomando mais tempo que o esperado, porque sair de uma casa com duas crianças e ir para um apartamento requer se desfazer de algumas coisas e comprar outras mais específicas para vida em apê. Pra mim é tudo novo, pois nos últimos 6 anos morei em casa, com terraço, quintal, plantas... E na verdade morei em apartamentos em poucas ocasiões na minha vida, e sempre por curto período de tempo.
Faz quase uma semana que mudei, mas já sinto saudade da antiga casa... Sobretudo da tranquilidade de ver minhas filhas correndo para um lado e para o outro, de vê-las brincando no jardim, pegando bichinhos (soldadinhos), colhendo minhas rosas sem minha autorização (agora acho um amor...). Elas estão sentindo falta de espaço, eu percebo, como eu. Mas sei que a gente vai se acostumar... Afinal, é só uma fase das nossas vidas, e como toda fase, vai passar. Na verdade ainda não entreguei as chaves da casa, ainda tem algumas coisas pra pegar na antiga morada, então acompanho ainda minha querida bananeira e meu mamoeiro... Acho que vou conseguir levar o cacho comigo!!
As coisas no apartamento, assim como nossas vidas, estão se ajustando aos poucos. Só falta instalar as cortinas (com blecautes reforçados nos quartos!!) e comprar mais móveis para a cozinha (e, claro, desencaixotar algumas coisas!). O lado positivo é que agora minha sala de jantar está num cômodo bem iluminado então poderei fazer belas fotos para o blog!
Descobri, nesse momento difícil de minha vida, a verdadeira importância dos amigos. É muito bom receber uma ligação de alguém disposto a ajudar. Só isso já ajuda, não é?

Mas enfim, esse post era só pra dizer que estou viva, mesmo que passando por um momento turbulento e que não vejo a hora de recolocar as mãos nas panelas, pois os últimos dias tem sido extremamente monótomos, de um ponto de vista gastronômico...

Agradeço especialmente a minha prima Renata, que trouxe pão doce e cocacola pra lanchar na véspera da mudança, quando eu e minha mãe estávamos completamente cobertas de poeira e a casa cheia de caixas de papelão. Foi o melhor lanche de todos os tempos!

14 de agosto de 2011

Camarão tailandês


Como comentei antes, trouxe de Florianópolis, entre outras coisas, uma pasta de curry. Pasta de curry não é igual ao tempero seco e amarelo chamado curry, que encontramos facilmente nos supermercados. Na verdade, curry quer dizer uma mistura de temperos e a pasta de curry é uma mistura de temperos acrescentada de óleo, o que dá a consistência de pasta, ou creme. As pastas de curry que existem podem ser bem variadas, de cores diferentes, e geralmente são bem picantes. Em Florianópolis comprei um Thai curry, uma pasta vermelha, com alguns ingredientes bem típicos da comida tailandesa, como o capim santo. Uma pasta de curry é um ingrediente extremamente eclético, vai bem com frango, arroz, peixe, legumes, camarão, e por ser super saboroso, não precisamos usar quase nada além dele pra fazer um prato delicioso.
Eu já tinha usado com legumes, mas ainda queria provar com camarão. O almoço do dia dos pais foi feito em meia hora!


Camarão tailandês

Ingredientes:

1/2 cebola picada
400g de camarão grande
1 tomate bem maduro sem sementes e cortado em pedaços pequenos
1 e 1/2 col. (sopa) de pasta de curry (voce pode colocar mais, depende do seu gosto. Como seria um almoço com crianças, eu peguei leve)
1 xícara de leite de coco
sal e coentro a gosto

Como fazer:

Numa panela funda, refogue a cebola em um pouco de óleo. Acrescente os camarões e deixe refogando uns cinco minutos. Adicione o tomate, mexa, adicione a pasta de curry, misture bem e coloque o leite de coco. Misture bem, cubra a panela e deixe cozinhando por mais cinco minutos. Verifique se os camarões estão cozidos, coloque sal a gosto e depois de desligar o fogo tempere com o coentro picado. Sirva com batata doce temperada com azeite e coentro, e arroz branco.

13 de agosto de 2011

Minha bananeira e um exercício de desapego


Antes de mais nada queria dizer que o último post me deixou bem chateada. Não adiantou editar e reeditar, ele saiu do jeito que o Blogger quis, e não do jeito que eu costumo editar minhas postagens. Desculpem. Bem, chega de choramingar...

Depois que saí do último apartamento em que morei, eu nunca pensei que moraria em um apartamento de novo... Quando me mudei pra essa casa, esperava morar nela até construir a minha própria, mas a vida é um incessante desenrolar de quebradas-de-cara e pagadas-pela-língua. No bom sentido, não há pessimismo na afirmação. Então, como dizia, estou de mudança, e pra um apartamento... Aproveito pra dizer que é por isso que ando tão sumida. A decisão de mudar e a energia despendida para procurar um outro canto são esgotantes... Sem contar nas quarenta e sete outras coisas que estão acontecendo na minha vida atualmente, ao mesmo tempo.
Mudar é bom, dá um certo trabalho, mas é bom. O lado bom é que a gente joga um monte de coisas inúteis que vão se acumulando ao longo da existência, renova as energias domésticas. O lado ruim é tirar tudo dos móveis, preparar as caixas, acompanhar a mudança em si, fazer um faxinão na casa nova, fazer reparos cá e lá, pintar a antiga morada, todo aquele processo burocrático e logístico de mudança de endereço.
Mas dessa vez, o que será pior, pior.... será ter que deixar minha bananeira linda que está dando seu primeiro cacho... e meu mamoeiro carregadinho de mamões verdes, prestes a amadurecerem... A bananeira, que trouxe de Mamanguape... plantei, vi crescer... o cacho que vi aparecer, as bananas que engordam cada dia mais... que acompanho... É como gestar um filho e parir pra outra criar... que dó. 
QUE DÓ!
Acho que vou convencer o corretor a me permitir colher o cacho de banana, quando ele estiver pronto... vou exigir que ele insira isso no próximo contrato de locação que a casa tiver: "O cacho de banana que porventura existir quando da entrega das chaves é de propriedade inalienável da antiga moradora"...
Ou então eu vou ter que fazer um ritual de desapego... Fazer meu luto, vai ser difícil.
Pela casa, que adoro, não vou sofrer não. Já morei em lugares ainda melhores - em Brasília morava no  Paraíso, quem conhece sabe - e sei que um dia estarei na minha casa, feita do jeitinho que quero. 
Mas pela bananeira... Desculpem, eu sou um ser inferior.

1 de agosto de 2011

Ricota de leite de cabra


Andei sumida, eu sei... Dessa vez viajei e não falei nada pra ninguém, mas é que foi uma viagem combinada, marcada e comprada de ultíssima hora. Fui passar uma semana de férias em Florianópolis, sozinha. Como assim? Fiquei na casa de uma amiga, que me disse que só uma aquariana teria coragem de passar férias sozinha, sem os filhos, sem ninguém. Será? Pena para as mães de outros signos, então!
Mas de qualquer forma, como disse, fiquei na casa de uma amiga, então não posso dizer que fiquei completamente sozinha, certo?
O que fiz em uma semana? Tomei café do Kênia, comi pão e cookies caseiros, andei por dunas e morros, comi tainha e barrigudo, conheci uma padaria que tem uma mesa só, comunitária, gravei milhares de músicas da Madonna (minha amiga tem TODOS os CDs dela), comprei açúcar baunilhado, pasta de curry e aveia em grãos, conversei na frente da lareira, tirei foto de dois gatos lindos, e descobri que a ilha é isso tudo que todos falam: é liiiiiiinda, e as pessoas são educadas e simpáticas (e lindas!). E saí de lá querendo me mudar pra lá, como todo mundo! Ok, me mudar eu não garanto, mas voltar, vou voltar com certeza. O tempo nem sempre ficou bom para fotos mas está tudo gravado na minha memória...

De volta à vida real (renovada, energizada e com o tanque da paciência cheinho), resolvi por em prática uma tentativa de fazer queijo de cabra caseiro. Não vá pensando que consegui fazer aquele queijo durinho, mas uma bela ricota sim. Deu super certo, e foi bem fácil de fazer.

Ricota de leite de cabra
Ingredientes:
1 litro de leite de cabra (use o leite que é vendido em garrafas de tetrapack)
50 ml de vinagre (de maçã ou de vinho branco)
Sal
Como fazer:
Coloque o leite para ferver. Após a fervura, desligue o fogo e aguarde alguns minutos. Despeje o vinagre no leite, mexa um pouco e deixe o leite talhar por mais ou menos meia hora, sem mexer. Disponha uma peneira por cima de um recipiente relativamente fundo, como uma saladeira, e por cima da peneira disponha um paninho de algodão limpo (pode ser um simples pano de prato). Vá retirando o leite talhado com uma grande escumadeira e coloque por cima da peneira. Descarte o soro do leite que sobrar na panela. Deixe o queijo escorrer um pouco, até esfriar completamente. Tire o queijo da peneira e coloque-o num recipiente. Salgue a gosto, tampe bem o recipiente e conserve em geladeira. Você pode temperar com algumas ervas secas.
Se posso comer queijo de cabra com minha alergia a leite? Até posso, com bastante moderação. Experimente!

16 de julho de 2011

Trufas de chocolate para uma bailarina




Eu já contei pra vocês que antes de vir morar em João Pessoa eu organizei uma festa de aniversário/brunch pra comemorar o aniversário de 4 anos de minha filha mais velha e marcar a saída de Brasília, lembram? Nessa festa eu fiz a maioria das comidas e dentre elas umas trufas de chocolate deliciosas. Eu refiz as trufas esses dias aqui em casa, apesar do certo trabalho que dá enrolar todas elas, só pra colocar a receita aqui no blog. Como está chovendo demais, não consegui tirar uma foto decente sequer. As fotos dessa postagem são do aniversário, que aconteceu há dois anos atrás. Foi uma festa linda, completamente cor-de-rosa. Ainda não adivinhou o tema da festa? Vai mais uma dica...


Trufas de chocolate

Ingredientes:

360 g de chocolate meio amargo
3/4 de xícara de creme de leite de soja
Cacau em pó para cobrir as trufas
Manteiga para untar as mãos

Como fazer:

Derreta o chocolate em banho-maria. Acrescente o creme de leite e incorpore bem os dois ingredientes, até obter uma mistura lisa e homogênea. Coloque na geladeira até o chocolate endurecer. Unte as palmas das mãos com manteiga e faça bolas do tamanho de brigadeiros. Enrole as trufas no cacau em pó. Se estiver fazendo calor, talvez você precise recolocar o chocolate na geladeira antes de terminar de enrolar todas as trufas. Você pode também enrolar as trufas em coco ralado ou açúcar demerara.

A pequena queria comer todas as trufas...

E ainda roubou o tutu da bailarina...

13 de julho de 2011

Pão integral fácil, para Márcia



Márcia é uma leitora assídua do blog. Mas ela sempre me diz que minhas receitas não são simples... Essa receita de pão é pra você Márcia, e se você não achá-la simples, eu não sei mais o que fazer pra te convencer de que minha comida é simples!

Pão integral fácil

Ingredientes:

3 xícaras de farinha de trigo integral
2 xícaras de farinha de trigo
1 1/2 xícaras de água morna
1/2 xícara de óleo ou azeite
1 col. (sobremesa) de sal
1 pacotinho de fermento para pão
1 col. (café) de farinha e outra de açúcar



Como fazer:

Teste o fermento: misture as colheres de café de açúcar e de farinha em meia xícara de água morna (esse é o "mingau" do fermento). Dissolva o  fermento nesse preparado e espere espumar. Enquanto isso, misture as farinhas e o sal e reserve. Acrescente o óleo, o "mingau" de fermento e vá acrescentando o restante da água aos poucos, até formar uma massa homogênea. Sove a massa por alguns minutos, até obter uma bola de massa bem lisa e elástica. Coloque a massa numa travessa grande, coberta com um pano de prato, e deixe crescer até dobrar de volume. Retire a massa da travessa, sovre mais um pouco e divida a massa em duas partes. Coloque cada parte numa forma de pão, cubra com um pano de prato e deixe crescer até dobrar de volume novamente.
Ligue o forno em temperatura bem alta. Deixe o forno esquentar por no mínimo 10 minutos. Abaixe a temperatura do forno até 200°C e coloque os pães para assar por aproximadamente meia hora, ou até o pão dourar.

9 de julho de 2011

Charada

Chegando de viagem, minha filha mais velha me fez a seguinte charada:

O que é, o que é...
Na cozinha é um tempero,
No jardim é uma flor,
E no rosto é uma marca...
?

Ela pediu: "mãe, coloca no seu blog para seus amigos adivinharem". E aí, alguém arrisca?

4 de julho de 2011

Creme de limão


Quando comprei aquele meu livro sobre comida francesa, os "Petits pots au citron" me deixaram com água na boca só de ler a receita. Não sei por que demorei tanto pra experimentá-la! Essa receita é bem prática, pois só leva ingredientes simples, e muito rápida.

Creme de limão

Ingredientes:

1 pera (você pode usar outras frutas, como pêssego, morangos, etc)
Casca e suco de três limões
150g de açúcar demerara
4 ovos
300 ml de creme de leite de soja
Açucar de confeiteiro para gratinar

Como fazer:

Ligue o forno a 160°C. Corte a pera em fatias e disponha em seis ramequins ou potinhos que possam ir ao forno. Misture a casca ralada e o suco dos limões (eu usei dois limões taiti e um limão siciliano) com o açúcar e os ovos. Bata bem com um batedor de arame, e então acrescente o creme de leite de soja. Misture até obter um creme bem homogêneo. Disponha o creme nos ramequins. Coloque os potinhos numa travessa ou forma grande com água quente. Asse em banho-maria no forno pré-aquecido por aproximadamente 40 minutos ou até o creme ficar firme.
Retire do forno e deixe esfriar. Salpique açúcar de confeiteiro por cima dos ramequins e coloque no forno novamente na função gril, até o açúcar começar a dourar. Coloque pra gelar, e sirva frio. 


PS.: Vou passar uma semana isolada no interior de São Paulo, portanto não terei acesso ao blog. Caso você comente alguma receita, não se preocupe, o  comentário vai ser publicado assim que eu voltar, ok? Boa semana a todos!

2 de julho de 2011

Biscoitos de mãe

Lembra daquele post sobre creme de chocolate em que comentei a variedade limitada de biscoitos industrializados que existiam no mercado quando eu, e grande parte de vocês, éramos crianças? Eu comentei rapidinho que minha mãe fazia biscoitos? Pois é, eram dois: um de aveia, e um salgado, de queijo. O biscoito de queijo era muito elegante. Minha mãe espalhava a massa com um rolo até ela ficar bem fina, depois salpicava com queijo ralado, enrolava a massa como um mini rocambole e por fim cortava fatias dos "rocamboles". Botava pra assar em forno bem quente, e pronto. Era uma receita rara, dava trabalho pra fazer eu imagino... com duas crianças pra olhar, uma casa pra cuidar, não devia ser fácil arrumar tempo pra fazer os tais biscoitos... Mas minha mãe tinha certos rituais culinários que tinham que ser cumpridos...
Hoje vou contar o que aconteceu com o biscoito de queijo...
Primeiro, tiramos o queijo. Segundo, colocamos um pouco de farinha integral na massa. Terceiro, no lugar do queijo, colocamos cristais de sal misturadinho com ervas finas. Porque estou usando a primeira pessoa do plural ao invés da primeira pessoa do singular? Porque as mudanças foram feitas a 8 mãos: as minhas, as das minhas duas meninas e as da minha mãe, que veio passar uns dias conosco. Claro que a receita pra inaugurar a mamie tinha que ser de biscoitos, não é?

Biscoitos integrais de ervas finas

Ingredientes:

1 xícara de farinha de trigo
1/2 xícara de farinha de trigo integral
90 g de manteiga
2 gemas
4 col. (sopa) de água
1 col. (sobremesa) cheia de cristais de sal (pode ser sal fino de mesa, na medida de uma colher rasa)
3 col. (sobremesa) cheias de ervas finas ou qualuqer tempero verde seco (alecrim, tomilho, oréganos, herbes de provence, etc)


Como fazer:

Misture as farinhas. Corte a manteiga em pedaços e incorpore-a na farinha com as mãos, até formar uma farofa úmida. Adicione uma gema e misture bem. Por fim, acrescente a água e forme uma bola de massa. Se a massa ficar ainda quebradiça acrescente mais um pouquinho de água (vá acrescentando às colheradas, aos poucos, apenas até você conseguir formar uma bola de massa que não se quebra facilmente). Envolva a massa num filme plástico e coloque na geladeira pra gelar, por pelo menos uma hora.
Misture o sal com as ervas e reserve.
Abra a massa com um rolo numa superfície enfarinhada até chegar a uns 2 milímetros de espessura. Tente fazer um retângulo com a massa, assim, na hora de enrolar a massa, os rolinhos ficarão mais uniformes. Cubra a massa com um pouco da outra gema (com os dedos ou com um pincel culinário) e salpique por cima a mistura de sal e ervas, de forma a cobrir toda a superfície da massa.
Agora vem a parte boa... Vá enrolando a massa com cuidado, por cima dela mesma. Quando você obtiver um rocambole de uns 3 centímetros de diâmetro, corte a massa. Enrole o rocambole em filme plástico e coloque-o na geladeira. Faça o mesmo com o resto da massa, até acabar. Deixe os rocamboles na geladeira até ficarem bem firmes.
Quando estiverem bem durinhos, retire os rocamboles de massa da geladeira. Pré-aqueça o forno a 250°C, por uns dez minutos (enquanto corta os biscoitos). Corte os rocamboles em fatias de no máximo meio centímetro e disponha numa assadeira untada. Asse por uns 15 minutos ou até começar a dourar. Retire do forno assim que estiverem prontos, vire-os (essa etapa é importante pois os biscoitos continuam assando, mesmo depois que retiramos a assadeira do forno) e deixe esfriar na própria forma.
Quando os biscoitos esfriarem (se sobrar algum daqui pra lá), guarde em vidro bem fechado, para manterem a crocância.


Obs.: o recheio pode variar: gersal, curry, canela com açúcar, chocolate em pó, etc, etc...

30 de junho de 2011

Pra pensar um pouquinho

"(...) é dito no Ayurveda que, embora as pessoas difiram na constituição, existem certos fatores comuns que causam desordens e doenças que tem um período similar e cujos sintomas podem surgir e destruir a comunidade (as epidemias). Estes fatores nas comunidades são o ar, á água, o local e a época. Ar (...) terrivelmente barulhento, excessivamente conflitante, zunindo e afetado por um odor impróprio, (...) poeira e fumaça. Água (...) excessivamente alterada em relação a odor, cor, gosto e tato, (...) sem aves aquáticas e animais aquáticos em número reduzido. Local (...) (com) cor, odor, gosto e tato muito afetados, (...) (com) problemas devido a répteis, animais violentos, mosquitos, gafanhotos, moscas, ratos, corujas, abutres, chacais, (...) pássaros e cães choram ali, condições dolorosas de vários animais e pássaros; virtudes abandonadas como honestidade, modéstia, boa conduta, bom comportamento e outros méritos, rios agitados e inundados, ocorrência frequente de (...) terremotos (...). A época (...) mostrando sinais contrários, excessivos ou deficientes em relação aos da estação."
"Como todo o universo é formado pelos mesmos cinco elementos, tudo à nossa volta nos afeta, mas nós também afetamos o ambiente. A degradação moral traz impactos ao meio ambiente e subsequentemente aparecem as epidemias e as comunidades são destruídas."
"(...) esquecemos que aquilo que fazemos ao nosso ambiente retornará para nós mais cedo ou mais tarde, pois tudo é cíclico neste universo."

Vinod Verma
Ayurveda - A medicina indiana que promove a saúde integral.

24 de junho de 2011

Tropical français


Hoje, meu blog completou um ano. Mais de 8000 acessos. Eu não esperava. Nunca pensei, inclusive, que fosse gostar tanto da brincadeira. Quando passo mais de uma semana sem postar nada fico ansiosa, com medo de que os leitores assíduos achem que abandonei o blog... Sou só um pouquinho paranóica :)
Pra comemorar o aniversário, ao invés de postar uma receita de bolo, resolvir contar aqui como foi uma noitada que fiz aqui em casa.

Diga-se de passagem, eu adoro receber amigos em casa. Adoro elaborar o cardápio, comprar os ingredientes, as bebidas, preparar tudo e servir. Adoro todas as etapas do processo! Eu lembro de uma festa/brunch de aniversário que fiz para minhas filhas antes de sair de Brasília, para elas poderem se despedir dos amiguinhos da escola em grande estilo. Eu fiz tudo, tudo, tudo. Minto... só não fiz alguns brigadeiros e uns salgadinhos vegetarianos que encomendei num restaurante natureba (só de lembrar deles fico com água na boca, acreditem...), e é claro, também não fiz a decoração com os balões... Algumas amigas até já pediram pra eu colocar as receitas das coisas que fiz no aniversário aqui no blog. Bem, algumas delas eu já postei, como a quiche, a torta de liquidificador e o docinho de frutas secas (mas falta ainda o pão de alecrim e azeitonas, o salpicão, o bolo de chocolate, o bom-bocado, as trufas, quê mais? Acho que tinha mais coisas, mas eu esqueci. Adriana, você lembra?). Enfim, eu achei maravilhoso preparar tudo aos poucos, elaborar os convites, as lembrancinhas, encomendar os brigadeiros, as mesas e cadeiras, contratar a decoração com balões, o pula-pula e a piscina de bolinhas, comprar as flores, montar a mesa com os comes e bebes, servir, ver a casa cheia de pessoas queridas...

Bem, fechando o parêntese, dessa vez a ocasião foi bem diferente. Sem crianças, pra começar. E bemmmmm menos gente, na verdade seis pessoas. O encontro foi uma réplica de outro que fizemos na casa da amiga mais chique que alguém pode ter, regada a vinho late harvest e foie gras. Pra (tentar) ficar à altura, ti punch com rum Haitiano legítimo (e justiça seja feita, trazido pelo marido da amiga mais chique que alguém pode ter, ou seja, o marido-da-amiga mais chique que alguém pode ter) e comidinhas inspiradas no lado de cá do Oceano Atlântico: mix de castanhas brasileiras (de cajú e do pará), bolinho de peixe, escondidinho de carne de sol, salada de abacate e camarão. O ti punch foi a base de suco de cajú, goiaba e maracujá. Ah! E incrementado com raspas de limão... Alguem aí falou siciliano?



Minhas amigas são muito chiques, não? Ops... a chique do meio sou eu, tá?

PS: Eu queria aproveitar pra responder, en passant, uma leitora que me pediu pra postar o endereço da loja que menciono nessa postagem da receita de pavê de cupuaçu. A lojinha fechou e parece que na verdade mudou de endereço... Mas eu não sei onde ela fica agora. Alguem aí sabe do paradeiro da loja?


23 de junho de 2011

São João sem leite - parte III


Numa série de receitas de São João sem leite, não poderia faltar pamonha. Fazer pamonha pode ser bem complicado, se você resolver costurar os saquinhos de palha e ralar o milho com ralador grosso, certo? Pois os seus problemas acabaram! Hoje fiz pamonha no forno, batida no liquidificador. Na verdade, ficou parecido com um pudim de pamonha.



Pudim de pamonha

Ingredientes:

5 espigas grandes de milho bem verdinho
1/2 xícara de leite de soja
2 xícaras de leite de coco
4 colheres (sopa) de açúcar, mais três para caramelizar a forma
2 ovos

Como fazer:

Coloque 3 colheres de açúcar numa forma de pudim. Coloque em cima do fogo bem baixo e deixe o açúcar virar caramelo. Retire os grãos de milho das espigas com uma faca bem afiada. Bata no liquidificador o milho, os leites, os ovos e 4 colheres de sopa de açúcar, até o milho ficar bem batido. Ligue o forno a 180°C. Após 10 minutos, despeje o creme na forma caramelizada e leve ao forno para assar em banho-maria, por aproximadamente uma hora.

 
Fica uma delícia, até fora da época junina! Vai dar pra cantar Flávio José o ano todo!

"Pra todo mundo
A minha cara é de alegria
Porque ninguém tem nada a ver
Com a minha dor
O meu lamento
Ninguém não pode dar jeito
Se todo mundo tem
A marca de um amor..."

9 de junho de 2011

São João sem leite - parte II



Há alguns meses aprendi a fazer canjica, ou curau (esse é mais um caso de invencionisses de nomes para pratos nordestinos, lembra que já falei disso antes?), no site Panelinha. Para ser franca, eu não aprendi a fazer, eu só peguei a receita. E pra dar continuidade às receitas de nosso São João sem leite, resolvi colocar a receita em prática. Mas fiz algumas modificações da receita original, não só trocando o leite por leite de soja e leite de coco, mas também no tempo de cozimento e na quantidade de açúcar indicados na receita do Panelinha. Mas eu não experimentei a receita sozinha. Minha empregada, que é cozinheira de mão cheia, me deu um apoio fundamental! Quando botei a canjica no fogo e comecei a mexer, o creme começou a fazer caroço. Ai, e agora! Ela pegou a colher, começou a mexer energicamente, trocou a panela de fogo, botou numa boca bem fraquinha e os caroços se desfizeram, o creme foi engrossando uniformemente e tudo se resolveu. Ok, essa etapa deu certo. Mas e agora, quando é que tá pronto? "Ah, Marina, depois que a canjica ferver, quando aparecer a "cara de velho", tá cozido". Peraí... "cara de velho"? Rindo muito, ela disse: "Você vai ver". E não é que vi mesmo? Olha aí a Gerlane mostrando a "cara de velho" da canjica, toda enrrugada:


Canjica sem leite

Ingredientes:

6 espigas de milho bem verdinho
200 ml de leite de coco
200 ml de leite de soja
3 col. (sopa) de açúcar
canela em pó a gosto

Como fazer:

Com a ajuda de uma faca retire os grãos de milho das espigas. Bata o milho juntamente com os leites no liquidificador até obter um creme homogêneo. Passe a mistura por uma peneira, separando o líquido do bagaço. Coloque o liquido numa panela, acrescente o açúcar (prove e veja se está doce o suficiente pra você. Eu geralmente uso muito pouco açúcar nas minhas receitas, mas você pode preferir usar um pouco mais) e coloque em fogo bem baixo. Aí vem a parte divertida... Mexa bem (bem mesmo, sem moleza, hein!) o creme até ele começar a ferver. Após o início da fervura você pode parar de mexer a canjica. Observe o creme na panela enquanto ele ferve. Quando o creme começar a enrrugar na superfície, ou seja, quando começar a fazer a "cara de velho", a canjica está pronta!



6 de junho de 2011

São João sem leite - parte I


O São João é sem dúvida a festa mais importante na Paraíba. Na verdade não é simplesmente uma festa mas sim uma enorme manifestação cultural em que pelo menos 90% da população do estado participa diretamente. Os outros 10% são influenciados direta ou indiretamente com o momento, pois todos os moradores da capital acabam desaguando nas pequenas cidades do interior, então, ou você fica na capital e vive alguns dias de pura paz e tranquilidade, ou você mora no interior e passa alguns dias de agito fora do normal.
Como você já deve desconfiar, eu faço parte daqueles que moram na capital e não viajam pra lugar algum. Pra mim, são os melhores dias do ano! A cidade fica vazia, calminha, e pra completar tem o clima do mês de junho que é fresquinho e agradável. Mas não fico trancada em casa, não. Meu pai faz sempre uma festinha no dia de São João e no dia de São Pedro. Tem sempre fogos pras crianças, fogueirinha, milho assado... E falando em comida, pra quem não pode comer laticínios, é sempre difícil achar alguma coisa pra comer além do milho verde. Quero dizer, era, porque agora você vai saber como fazer várias comidas típicas sem usar laticínio!
Eu já postei algumas receitas aqui no blog. O mungunzá (ou canjica), bolo pé-de-moleque, bolo de macaxeira. Por sinal, o mungunzá está sempre no top ten das postagens mais acessadas aqui do blog, pode conferir aí ao lado. (Aliás, acho que alguem tuitou essa postagem do mungunzá... Foi você? Fala aí quem foi, eu queria agradecer!) Além dessas, conheço uma receita de bolo de fubá delicioso que não leva laticínio nenhum. Na verdade é uma mistura de bolo de fubá com bolo de  milho. O meu bolo ficou pretinho porque usei açúcar mascavo.



Bolo de fubá sem laticínio

Ingredientes:

1 lata de milho com o caldo
3 ovos
2 col. (sopa) de óleo
1 vidrinho de leite de coco
2 xícaras de açúcar (eu usei mascavo)
2 1/2 xícaras de fubá de milho do tipo flocão
1 col. (sopa) de fermento
1 pitada de sal

Como fazer:

Misture todos os ingredientes no liquidificador. Despeje a massa (que fica um pouco líquida) numa forma untada e asse me forno pré-aquecido a 200°C por 40 minutos. Antes de tirar o bolo do forno, faça o teste do palito. Se ele não sair limpo, asse por mais alguns minutos. Se você quiser um bolo amarelinho, é só usar açúcar demerara ou cristal.
Até o São João trarei mais receitas típicas, aguarde!