31 de dezembro de 2010

Mais um ano

Mais um ano que acaba nos mostrando friamente a efemeridade da vida... A cada final de ano, tenho a impressão que o tempo está passando cada vez mais rápido... vocês não?
Nosso blog tem já alguns meses de vida e algumas receitas que ficaram gravadas na minha mente. Acho legal os post de retrospectivas e melhores receitas que tenho visto por aí, mas no meu caso, acho um pouco cedo pra fazer um post assim. Gosto de cada receita que compartilhei com vocês. Claro que algumas me perseguem com mais insistência; não consigo parar de pensar no cheese cake, nas madeleines, no marshmallow de morango, no crumble, no queijo de iogurte, nas quiches, na lasanha. Essas são, no meu ponto de vista, as que mais tem a cara desse blog: a busca incansável por transformar uma vida sem leite numa coisa provável e normal (e gostosa!).

Recebi também, nesse final de ano, muitas mensagens lindas de votos e desejos e realmente a mais bonita foi uma que desejava a cada um de nós que nos tornássemos pessoas melhores para o ano que vem. Cada ano que se inicia já começa cheio de expectativas e cobranças... coitadinhos! Mas e nós? O que fazemos para merecer cada novo ano que se inicia?

Que todas as experiências vividas até agora na sua vida, livros lidos, viagens, momentos difíceis, tristezas, perdas, conquistas, sirvam efetivamente para seu crescimento pessoal, e que em 2011 você consiga ver com cada vez mais consciência a beleza da vida!


26 de dezembro de 2010

Pão de chocolate


Hoje foi dia de fazer pão. E lembra daquela receita que não acertei antes? Pois resolvi refazê-la, só porque fiquei devendo. Das coisas que gosto de fazer e comer, o pão é talvez minha preferida. A receita desse pão tirei de um livrinho que minha mãe me deu intitulado "Pains et Brioches", de Philippe Chavanne. Apesar de só levar farinha branca (sempre faço pão integral), resolvi tentar, pelo fato de ter cacau na massa e de ser muito simples, mesmo.
Tudo bem, essa não é exatamente uma receita específica para quem não pode ingerir laticínios, já que não leva nenhum, mas ficou tão gostoso que achei simpático compartilhar. Aqui vai a receita original (traduzida, claro...). Apesar de ser uma receita classificada no livrinho como "doce", o pão não fica muito doce.



Pão de chocolate

Ingredientes:

450 g de farinha de trigo
1 pacotinho de fermento seco para pão
25 g de açúcar mascavo
25 g de cacau
1 col. chá de sal
1 col. sopa de óleo
água morna (aproximadamente 1 xícara)


Como fiz:

Misture os ingredientes numa bacia. Faça um buraco no meio e adicione o óleo. Misture com um garfo e vá acrescentado a água até conseguir trabalhar a massa com as mãos. Vá acrescentando água até a massa se tornar lisa e homogênea. Sove a massa por alguns minutos e coloque-a numa travessa untada. Deixe crescer por 1 hora ou até a massa dobrar de volume. Sove novamente a massa só para expulsar o excesso de ar e coloque a massa numa forma de pão untada. Deixe crescer por mais 30 minutos e asse em forno pré-aquecido a 220°, por meia hora.


Observação: quando minha mãe leu aquele post sobre o pão que não deu certo, ela me mandou uma longa explicação sobre o que pode fazer um pão não dar certo. Basicamente, a culpa sempre é do fermento. Antes de fazer um pão, eu costumo testar o fermento: faça um "mingauzinho" misturando um pouco de água morna, farinha e açúcar. Coloque dentro o fermento seco. Espere alguns minutos. Se borbulhar, o fermento está vivo. Se depois de 10 minutos nada acontecer, desista do pão, pois o fermento não está bom. Você pode usar o mingauzinho com o fermento diluído sem problemas, considerando a quantidade de água que você pôs nele. E não esqueça: água muito quente mata o fermento, então sempre use água que dê pra colocar o dedo dentro e deixar sem sentir incômodo!

Clafoutis de Natal


Andei refletindo a respeito de minhas considerações sobre aquele meu livro francês de comida caseira. Se é verdade que a comida francesa muitas vezes utiliza leite nos ingredientes (sobretudo nas sobremesas), por que não colocar ao menos essas nesse meu blog sem leite? Afinal, em todas elas vou apelar pro leite de soja... Ok, concordamos então.

Não sei como é na sua família, mas na minha, festa mesmo se faz na véspera de Natal, com direito a entrega dos presentes a meia-noite, pelo homem mais velho da família (meu pai). É interessante observar que existe um certo padrão na categoria dos presentes: as crianças recebem brinquedos, as mulheres coisas de casa, os homens camisas, bebidas. A minha geração está no meio. Antes dos bisnetos nascerem (dos quais minhas filhas), eu fazia parte do grupo das crianças, eu e minhas primas e primos. Passada a fase da infância, começamos a receber presentes mais variados, como perfumes, cremes, roupas... (coisas de adolescente?). Ainda era assim até ano passado... Esse ano ganhei uma assadeira! Acho que estou entrando na categoria das mulheres!

No dia da véspera de Natal resolvi fazer uma receita do livrinho querido. Um Clafoutis é tudo o que há de mais francês dentre as receitas de sobremesas caseiras. Graças à globalização, podemos encontrar cerejas nos supermercados nessa época do ano. Não vou aqui discorrer sobre a qualidade das mesmas, mas enfim, temos cerejas, já é um assombro! Queria ter um lanche nosso, antes de partir para a comilança da festa de Natal.


Clafoutis de cerejas e pêssegos

Ingredientes:

300g de cerejas frescas
1 lata de pêssegos em calda, escorridos
1 colher de sopa cheia de manteiga
125g de farinha
50g de açúcar demerara
3 ovos
300 ml de leite de soja


Como fiz:

Espalhe a manteiga numa travessa grande redonda. Disponha as cerejas e os pêssegos cortados em fatias grossas no fundo da travessa.
Numa tigela, misture a farinha e o açúcar. Reserve. Em outro recipiente, bata os ovos com um batedor de arame e incorpore o leite. Misture mais um pouco.
Derrame a mistura de leite e ovos na farinha. Mexa tudo muito bem, até obter uma mistura homogênea e lisa.
Disponha a massa sobre as frutas e leve ao forno pré-aquecido a 180°C, por 40 minutos, ou até dourar.
Sirva morno.

17 de dezembro de 2010

Lasanha sem leite



Comprei um livro delicioso na I Feira do livro de João Pessoa, daqueles que a gente tem vontade de fazer TODAS as receitas. O livro se chama "Le petit Larousse des recettes de famille" (O pequeno Larousse das receitas de família) e contém absolutamente todas as receitas francesas clássicas que costumava comer quando morava com minha mãe, mais um tanto que comi quando fui morar na França, e outras que conhecia de nome e morria de vontade de aprender a fazer. Tudo bem, não vou dizer que tenho vontade fazer as receitas de coelho e linguiça de sangue (o "boudin")...
Enfim, por causa disso, deixei o blog às traças nesses últimos dias. Não que tenha passado quase um mês só namorando o livro, mas o tempo que tive, fiz receitas dele, que morri de vontade de colocar aqui, mas francamente não coloquei por medo de sair do foco. Esse é um blog sobre comida sem leite, certo? A ideia é propor soluções para receitas que originalmente levam leite, certo? Então me contive. As receitas do livro são tipicamente francesas... Achei que daria mais para um blog de comida francesa do que de comida sem leite. Me corrijam se eu estiver errada...

Bem, hoje foi um dia de molho em casa. Acordei com uma sinusite insuportável e não fui trabalhar. Se comi alguma coisa com leite? Não, não. O tempo aqui deu uma enlouquecida e acho que meus sinus devem estar bem confusos. E para aproveitar essa raridade fiz uma receita pro almoço (apesar do torpor) que gostaria de ter compartilhado há muito tempo. Antes de você me perguntar como eu tenho condições de ir pra cozinha com sinusite, saiba que cozinhar pra mim é remédio bom pra tudo, tipo... água de coco. Como o título do post indica, a receita é de lasanha, e pra mim, lasanha tem que ser de carne, desculpem os adeptos de lasanhas diferentes!

O mais importante da receita que segue é o molho branco. Você pode usar qualquer receita de carne moida que tiver ou souber, e aproximadamente 100g de massa para lasanha. Dá uma lasanha não muito grande, para duas pessoas famintas ou quatro comedidas.

Lasanha de carne sem leite

Ingredientes:

400g de carne moída cozida com molho de tomate
Aproximadamente 100g de massa para lasanha. Pode ser aquela que não precisa cozinhar antes de ir ao forno
Farinha de linhaça

Para o molho branco
1 col. (sopa) de cebola picada
1 col. (sopa) de manteiga
3 col. (sopa) de farinha de trigo
1 e 1/2 copo de leite de soja não adoçado
Sal, pimenta do reino moída na hora e noz moscada raladinha na hora, tudo a gosto



Como fazer:

Faça o molho branco: Leve ao fogo a cebola e a manteiga. Quando a manteiga estiver completamente derretida e a cebola ligeiramente macia, polvilhe tudo com a farinha de trigo. Misture bem com uma colher de pau até a farinha ser toda incorporada na manteiga derretida. Você vai obter uma farofa oleosa. Vá derramando o leite devagar, mexendo bem com um batedor de arame, até os grumos de farinha se dissolverem totalmente no leite (é interessante usar uma panelinha um pouco alta pra fazer o molho, assim você terá espaço pra mexer bem nesse momento). Quando o molho começar a engrossar desligue o fogo. Acrescente o sal, a pimenta e a noz moscada.
É um pouco difícil obter um molho sem caroço fazendo dessa forma. Para contornar a situação existem duas técnicas excelentes. A primeira (que minha mãe não leia esse post!) consiste em bater no liquidificador a farinha com o leite, e acrescentar essa mistura à cebola refogada. Você ganha em tranquilidade, mas perde em sabor. Sem dúvida, o roux, que é a farinha "cozinhada" na manteiga confere um gostinho incomparável ao molho branco. A segunda técnica consiste em fazer tudo como manda minha mãe, e antes de colocar os temperos, dar uma batida rápida num mixer ou liquidificador no molho já pronto, só pra ajudar na dissolução dos possíveis grumos que aparecerem. A partir daí é só colocar na panelinha de novo, dar uma leve esquentada e temperar depois de desligar o fogo. É importante notar que quanto mais ralo for o molho branco para uma lasanha mais macia e cremosa ela fica. Portanto, quando fizer o molho branco, assim que começar a engrossar pode desligar o fogo.




Monte a lasanha: Unte uma forma retangular não muito grande de azeite de oliva. Espalhe uma camada de carne moída, depois uma camada de molho branco e por último uma camada de massa. Continue alternando as camadas até acabar os ingredientes. Finalize com uma camada de carne e de molho branco. No final, salpique com farinha de linhaça e leve ao forno pré aquecido a 180°C por 20 minutos. Se preferir não usar a farinha de linhaça, leve ao fogo envolto em papel alumínio, para não ressecar a camada de cima da lasanha.



Para concluir, se você acha que não tem absolutamente nada a ver fazer molho branco com leite de soja, saiba que vale a tentativa. O que dá gosto ao molho é sem dúvida a MANTEIGA e a NOZ MOSCADA. Se você fizer do jeito que falei, botando a farinha e depois o leite, fica quase imperceptível o fato de você ter usado leite de soja. Acredite em mim.




Em tempo: a dor de cabeça descrita no início do post aconteceu na sexta feira passada e só hoje tive condições de terminar esse post. O que na verdade começou com uma provável sinusite na verdade se revelou numa tremenda dengue! Hoje, me sinto renascida!

Feliz Natal a todos os meus queridíssimos leitores!

1 de dezembro de 2010

Cozinhas para ler


Quem gosta de cozinhar gosta de livros de culinária, certo? Na verdade eu prefiro livros sobre comida, não necessariamente livros de receitas. Acho muito mais inspirador um romance cujos personagens vivem na cozinha do que um livro cheio de receitas umas atrás das outras... Entendam-me... livros de receitas são essenciais para achar uma ideia do que fazer naquele almoço especial ou no jantar daquela noite em que a inspiração simplesmente não vem. Mas o que me dá a vontade de ficar na cozinha um dia inteiro são aqueles livros que contam estórias de pessoas cozinhando, ou comendo...
Se você conhece alguém que gosta de cozinhar e de ler, tenho algumas sugestões de livros que podem agradar:

Escola dos Sabores, de Erica Bauermeister. Editora Sextante. O livro gira em torno de oito personagens que se conhecem em um curso de culinária. A estória é agradável, dá pra ler em um estalo (ideal pra ler naquelas viagens de avião ou ônibus um pouco longas), e de quebra ainda traz algumas receitinhas.







Os caçadores de Frutas, de Adam Leith Gollner. Editora Larousse. Um maluco que escreveu um livro inteiro sobre frutas, das mais raras às mais comuns. É bom para se ter uma visão mais "científica" das frutas e sobretudo quebrar alguns paradigmas sobre as frutas que comemos. Eu parei de comprar algumas, depois que li o livro. Você vai entender porque antigamente as frutas tinham gosto de fruta e hoje as frutas tem gosto de papel...





Uma história comestível da humanidade, de Tom Standage. Editora Zahar. Eis o que diz a contra-capa: "Tom Standage conta a história da humanidade de modo inusitado: através da comida. De grupos pré-históricos à Guerra Fria, da Era dos Descobrimentos à polêmica sobre os trangênicos, o autor nos mostra como os alimentos moldaram nosso mundo e determinaram o que somos hoje."
É isso mesmo. Um pouco de informação crítica sobre o que comemos hoje e porquê.




Afrodite, de Isabel Allende. Editora Bertrand Brasil. Livro clássico. Divertido, bem escrito e de quebra traz receitas inspiradoras. Para quem quer dar um up na relação, ou levar o marido pra cozinha ;).









Minha vida na França, de Julia Child e Alex Prud'homme. Editora Seoman. O filme Julie and Julia foi inspirado também nesse livro. Você pode achar que o tema está muito batido, mas vou confessar: esse livro é ótimo. Além de falar de comida o tempo todo, a autora dá uma lição de vida. Ela aproveitou a vida como poucos, sempre positiva e entusiástica!







Se você tiver alguma sugestão, deixe um comentário!

29 de novembro de 2010

Madeleines


Quando eu estava na Universidade, lá na França, ganhei de minha colega de apartamento um livrinho sobre biscoitos chamado "Les petits gâteaux d´Alsace", de Suzanne Roth. Diga-se de passagem, pensando sobre isso agora, me dou conta que esse foi o meu segundo presente sobre comida que ganhei de colegas da graduação, o primeiro foi um livro só sobre chocolate. Esse livrinho tem um monte de receitas de biscoitos, de bolinhos e de macarrons. Nenhuma delas leva leite!
Madeleines são bolinhos bem franceses que tem um gosto característico e sempre são assados em formas específicas, em formato de conchas (coloca "madeleine" no google e você vai dar de cara com imagens do bolinho).
E falando em google, na internet existem milhões de receitas de madeleine. Umas levam essência de laranja, outras de baunilha. Umas levam casquinhas de limão, outras de laranja... Outras pedem pra bater os ovos com o açúcar primeiro, outras pra bater a manteiga com o açúcar primeiro... Sinceramente, depois de fazer essa receita acho que o fato de bater bem, antes de mais nada, a manteiga EM TEMPERATURA AMBIENTE com o açúcar traz uma consistência incomparável ao bolinho. E talvez, acrescentar casquinhas de laranja realce mais ainda o sabor de coisa de criança que só as madeleines têm. Vou tentar da próxima vez.

Bem, o livrinho ficou muito tempo esquecido numa caixa na casa do meu pai, e foi resgatado há pouco tempo, com o que me enchi de vontade de assar biscoitos como uma louca! Mas na verdade, quando descobri que o livrinho tinha uma receita descomplicada de madeleines, resolvi começar por aí. Se tem uma coisa da qual sinto saudades da época que morei na França, é das maravilhosas madeleines!

Antes de começar, peço desculpas para os sem-balança-de-precisão. As receitas francesas são todas em gramas... Mas tenho certeza que você pode encontrar copos dosadores ou tabelas de conversão para superar esse pequeno detalhe.


Madeleines

Ingredientes:

6 ovos
250g de açúcar
180g de manteiga a temperatura ambiente
250g de farinha de trigo
1/2 col. (sobremesa) de fermento
1/2 col. (sobremesa) de égua de flor de laranjeira, ou essência de laranja. Eu usei Cointreau, na verdade.

Como fiz:

Separe as claras das gemas. Reserve as gemas e bata as claras em neve até obter picos firmes. Adicione a essência ou licor de laranja no finalzinho e reserve.
Bata a manteiga amolecida com o açúcar até obter um creme fofo e esbranquiçado. Acrescente as gemas, uma a uma, sem parar de bater.
Misture o fermento à farinha. Acrescente a farinha alternadamente com as claras batidas à mistura de manteiga, açúcar a gemas, mexendo delicadamente, até obter uma massa homogênea.
Disponha a massa em forminhas untadas (encha as forminhas até 3/4 de sua altura), e asse em forno pré-aquecido a 220° C por 15 minutos, ou até dourar. E não se preocupe com as forminhas, use as de empada grande que ficam boas do mesmo jeito! Essa receita rende 24 bolinhos.



As madeleines foram de presente para a prima e acabaram virando leite para o filho da prima.

27 de novembro de 2010

20 de novembro de 2010

Quando não se acerta o pão


Resolvi fazer um pão de chocolate para levar pra prima que teve neném. Mas... apesar do fermento estar na validade, do calor estar quase insuportável, de ter feito a mesma receita antes com total sucesso e de ter feito tudo com muito amor, o pão não cresceu. Não sei explicar o que aconteceu com o pão, mas o que posso dizer é que ver a massa alí, estática, por horas, é tão ruim quanto ser traído por um amigo.
Alguém aí consegue me explicar por que às vezes na cozinha as coisas têm tudo pra dar certo e no final, simplesmente não dão?
Para me consolar, resolvi fazer uma receita de bolo de peras e especiarias que há muito tinha lido no Blog da Rita. A receita não é complicada, mas requer, digamos assim, uma certa concentração...



Não vou me atrever a escrever a receita aqui neste post, pois não dá pra ser mais didática e completa do que uma receita da Rita Lobo, portanto, esta é a receita do bolo.
A diferença da minha receita para a dela é que ao invés de 3 peras, usei duas peras e uma maçã, por razões absolutamente circunstanciais, nada premeditado. E também não cortei as fatias bem fininhas, como ela pede, mas sim cortei fatias de mais ou menos 5 mm de espessura. Na hora de despejar a massa sobre as frutas, acabou passando massa por baixo das fatias e ficou tudo meio misturado. Acho que por causa disso, o bolo não ficou seco, como Rita diz no post que fica. Pelo contrário, ficou bem macio e úmido. Rita, desculpa aí, tá?


O pão? Vou tentar de novo, prometo, e coloco a receita por aqui.


Docinho de frutas secas - ou como tranformar uma transgressão em comida saudável


A semana que passou foi cheia de mudanças e novidades, estou até meio tonta ainda... Enquanto viajava, minha prima querida teve seu primeiro filho e essa semana ela saiu do hospital e foi pra casa. Dou a assistência que posso, que é ridícula, considerando o tamanho do desafio que é chegar em casa com um primeiro recém-nascido no braço. Mas nossa família é cheia de mulheres bem intencionadas que se revesam pra ajudar, ainda bem! Ou não... ;)
Resumindo: devo ter me deixado influenciar pelos acontecimentos e acabei chamando o "ninho das águias" em "berço das águias"... foi mal aí, irmãozinho! Gente, é ninho das águias tá? Não é berço!
Então, depois da semana estonteante (não vou contar todas as emoções que tive pois o post renderia um capítulo de livro), hoje fui enfim pra cozinha. Com várias frutas secas em casa e mais um quilo de amêndoas que ganhei de meu pai, lembrei de um docinho que fiz no aniversário de 3 anos de minha filha mais velha. Para docinho, não poderia ser mais saudável, vejam aí:




Docinho de frutas secas

Ingredientes:

1 xícara de tâmaras
5 a 6 damascos grandes
1/2 xícara de passas
1/2 xícara de amêndoas

Como fazer:

Misture os ingredientes numa tigelinha. Bata tudo em um processador, até virar uma mistura heterogênea. As frutas devem ficar meio picadas, meio amassadas e as amêndoas ficam picadas grosseiramente.
Vá espalhando a mistura em uma travessa anti-aderente, amasssando com as mãos, de modo a forrar o fundo da travessa com uma camada não muito espessa da mistura, como se você estivesse forrando a forma com uma massa de torta. Com um copinho de cachaça ou cortador de biscoitos vá recortando os docinhos. Você pode fazer bolinhas de massa também, assim ficam com mais "cara" de docinho.


As frutas secas podem ser diferentes. Você também pode usar ameixa seca e banana passa. Ao seu gosto!

15 de novembro de 2010

Uma semana no berço das águias

O primeiro post do mês não será sobre comida. Só queria dizer que viajei, mas estou de volta, cheia de ideias. Para onde fui? Para o melhor lugar do mundo: fui participar de um curso pelo qual esperei por três anos e de quebra fiquei hospedada na casa de meu irmão, que não via há meses.

Graças a meu irmão:

1. Dei muitas gargalhadas assistindo a "Two and a Half Men" quase todos os dias (desculpem, eu sei que é cretino, mas eu morro de rir...);
2. Passei uma semana como um verdadeiro adulto: comendo a hora que queria, dormindo a hora que queria (quem é mãe sabe do que estou falando);
3. Fiz e comemos macarrão com shimejii, simples e gostoso;
4. Assisti a "Tropa de Elite" pela primeira vez (o primeiro mesmo, pois é...);
5. Comi os melhores Tacos que já tinha comido na vida (e de quebra fiquei completamente bêbada com apenas um Mojito, que horror);
6. Apareci no site do bar em que comi os divinos Tacos, queimando o filme do meu irmão lindo (fotos 10 e 12)!
7. Compreendi que algumas profissões tem níveis de responsabilidade e importância muito maiores do que se pensa;
8. Compreendi que não adianta ir contra a natureza do HOMEM (pelo menos não dá pra ir contra a do homem que é meu irmão...);
9. Reforcei a ideia de que o amor não necessariamente precisa ser declarado e escutado;
10. Me emocionei conhecendo o berço das águias.


Meu irmão, eu lhe amo.

31 de outubro de 2010

Café da manhã de infância


Sei que não é unanimidade, mas eu adoro papinha de aveia. Minha mãe fazia quando eu era criança. Ela fazia com farinha de aveia e leite normal, já que na época não era alérgica, botava um pouquinho só de açúcar e ficava muito bom. Depois que eu comecei a fazer minhas próprias papinhas, eu troquei a farinha de aveia por aveia em flocos finos. Fica bem interessante, dá pra mastigar a papinha. ;)
Você pode estar na dúvida se vale a pena usar leite de soja pra fazer papinha de aveia, e eu vou lhe garantir: vale muito. Se você fizer com leite de soja que já é adoçado, não precisa nem acrescentar açúcar.
Apesar do calor que tem feito já nesses dias, hoje de manhã amanheceu chuviscando então tive vontade de fazer uma papinha. Resolvi fazer diferente e usei quinoa e amêndoas. Foi assim:

Papinha de aveia com quinoa e amêndoas

Ingredientes:

2 col. (sopa) de aveia em flocos finos
1 copo de leite de soja
1 col. (sobremesa) de farinha de aveia
1 col. (sobremesa) de quinoa em grãos
2 col. (sopa) de amêndoas sem casca fatiadas
1 col. (sopa) rasa de rapadura ralada (ou raspada)

Como fiz:

Coloque numa panelinha o leite, a aveia, a farinha de aveia e a quinoa. Leve ao fogo baixo, e mexendo de vez em quando espere ferver. Deixe ferver por aproximadamente 5 minutos, sem parar de mexer, ou até engrossar do seu jeito. Reserve.
Numa frigideira anti-aderente doure as amêndoas fatiadas (sem óleo nem água).
Despeje a papinha numa travessinha, disponha as amêndoas por cima, e por fim salpique com a rapadura ralada.




Perfeito pra começar o dia!

26 de outubro de 2010

Pavê de cupuaçu e chocolate

Alguns dos meus últimos post foram bem extensos, eu sei. Prometo que vou trabalhar meu poder de síntese daqui pra frente, mas não garanto muito progresso assim tão rápido.

Aqui em João Pessoa tem um restaurante/lojinha muito simpático que se chama "Cantinho do Pará". Como o nome sugere, dá pra comprar alguns produtos típicos do Pará, como polpa de frutas nativas da Amazônia. Cupuaçu é uma de minhas paixões. Eu já fui a Belém umas duas vezes em viagem a trabalho e antes de desenvolver minha alergia à proteína de leite eu tomei uns sorvetes numa sorveteria conhecidíssima que tem em cada esquina de Belém, a Kairó. Não dá pra descrever os sabores maravilhosos que provei nesse lugar, mas o sorvete de pavê de cupuaçú me marcou pra sempre! Recentemente, lembrei do sorvete quando comprei 1 quilo de polpa bem grossa de cupuaçu lá no "Cantinho do Pará". Se vocês chegarem a fazer essa receita, saibam que o sorvete é exatamente isso, só que tudo misturado e um pouco mais doce. É de comer de joelhos cantando "...isso e muito mais você só vai encontrar no Pará!". Quem acertar de quem é a música ganha uma muda de pimentão ;).


Pavê de cupuaçu e chocolate

Ingredientes:

200 g de chocolate meio amargo
200 g (uma caixinha) de creme de leite de soja
300 g de polpa de cupuaçu
1/2 xícara de água
1 lata de leite condensado de soja
1 pacotinho de gelatina sem sabor
1 pacote de biscoito champanhe


Como fiz:

Disponha os biscoitos champanhe no fundo de uma travessa (ou de vários ramequins). Reserve.
Dissolva a gelatina em 5 colheres de água fria. Esquente a gelatina hidratada em fogo baixo até ela amolecer completamente. Reserve.
Bata no liquidificador a polpa de cupuaçu, a água e o leite condensado. Acrescente a gelatina e bata bem.
Para montar o pavê, disponha o creme de cupuaçu sobre os biscoitos (não precisa molhar os biscoitos antes), e leve à geladeira até o creme endurecer um pouco.
Enquanto isso, derreta o chocolate meio amargo em banho maria. Quando o chocolate estiver completamente derretido, retire do fogo e misture o creme de leite até ficar bem homogêneo. Disponha o chocolate por cima do creme de cupuaçu e leve a sobremesa pronta à geladeira. Deixe gelar por algumas horas antes de servir. O ideal é comer só no dia seguinte, quando os biscoitos amolecerem um pouco.

Pra ficar mais paraense, é so salpicar flocos de tapioca por cima de tudo!

25 de outubro de 2010

O que fazer na cozinha com um marido chileno? Comida chilena, ora!

Outro dia meu marido me perguntou se eu poderia internacionalizar o blog. Fiquei na dúvida sobre o que ele queria dizer com isso, mas ele foi logo explicando: "dá pra colocar receitas internacionais?". Ah, entendi... Amor, contanto que não tenha leite, tá valendo! Mas que receitas? Uma receita chilena, claro! Ninguém deve saber mas meu marido é chileno. Já comi coisas ótimas na casa de minha sogra como empanadas e pastel de choclo, mas aqui em casa, apesar da afinidade com as panelas, nunca tinha arriscado fazer nada que viesse do lado de lá. Pra não ficar só no pitaco, ele me mandou umas receitas que achou na internet e uma me interessou particularmente, pela praticidade e facilidade de preparo. O nome é pantruca. A pronúncia valeria um post à parte mas apenas saiba que se pronuncia quase como se lê, só não é "pantruca", nem "pantchuca", nem "pantchruca", enfim, vai tentando (uma dica, o som do "tr" parece com o "tr" de "true" - em inglês). Eu ainda não consegui. Ainda bem que fazer é muito mais fácil do que falar!

Pantrucas são pedaços de massa de farinha de trigo que são cozinhados em caldo de carne ou frango. Na verdade o todo dá uma sopa deliciosa, mas pantrucas são só os pedacinhos de massa. Não preciso nem dizer que quanto mais gostoso for seu caldo, mais gostoso fica a sopa, portanto capriche no caldo.

Estava com a vontade de provar as tais pantrucas desde que li a receita, mas ontem foi o dia ideal pra fazê-las. Meu marido e eu aproveitamos o passeio das meninas com o avô no final da tarde pra colocarmos nossas 4 mãos à massa, literalmente! Para o caldo, lembra daquele cordeiro que fiz recentemente? Usei dois pedaços que sobraram e foram congelados com um monte de caldo do cozimento. Acrescentei três xícaras de água, uma cenoura, meu pimentão amarelo, meia lata de milho verde escorrido e um alho-poró fatiado. Deixei ferver bastante, até o caldo engrossar um pouco. Mas você não precisa fazer um caldo elaborado. Na verdade você pode usar caldo pronto, fazer um caldinho de carne ralinho mesmo, ou até um caldo de legumes. Pode usar um restinho de carne do almoço e botar pra cozinhar mais em água com alguns legumes e temperos. O importante é deixar o caldo ralo o suficiente para cozinhar as pantrucas depois! Para as pantrucas, veja como é fácil:

Pantrucas

Ingredientes:

1 xícara de farinha de trigo branca
duas pitadas de sal
3/4 de xícara de água

Como fiz:

Misture a farinha com o sal. Vá acrescentando a água aos poucos e formando uma massa homogênea até ela se desprender das mãos com facilidade. Faça uma bola com a massa e reserve.

Numa superfície lisa e enfarinhada estenda a massa com um rolo até obter uma massa com menos de 5mm de espessura.


Corte a massa em pedaços irregulares, ou rasgue pedaços de massa com as mãos. Reserve.


Quando o caldo estiver pronto, vá colocando os pedaços de massa dentro da panela delicadamente e mexa um pouco. Deixe cozinhar uns 5 minutinhos ou até a massa cozinhar.


Bom demais, pelos seguintes motivos: é gostoso mesmo, é barato, é fácil, é rápido, é saudável (só se usar caldo caseiro!), é divertido de fazer (uma hora você mexe a panela, outra hora você é quem fotografa...), é ecologicamente correto pois aproveita restos (desculpe a franqueza), etc.


Na hora de servir salpiquei com couve picadinha da colheita de ontem.