31 de dezembro de 2010

Mais um ano

Mais um ano que acaba nos mostrando friamente a efemeridade da vida... A cada final de ano, tenho a impressão que o tempo está passando cada vez mais rápido... vocês não?
Nosso blog tem já alguns meses de vida e algumas receitas que ficaram gravadas na minha mente. Acho legal os post de retrospectivas e melhores receitas que tenho visto por aí, mas no meu caso, acho um pouco cedo pra fazer um post assim. Gosto de cada receita que compartilhei com vocês. Claro que algumas me perseguem com mais insistência; não consigo parar de pensar no cheese cake, nas madeleines, no marshmallow de morango, no crumble, no queijo de iogurte, nas quiches, na lasanha. Essas são, no meu ponto de vista, as que mais tem a cara desse blog: a busca incansável por transformar uma vida sem leite numa coisa provável e normal (e gostosa!).

Recebi também, nesse final de ano, muitas mensagens lindas de votos e desejos e realmente a mais bonita foi uma que desejava a cada um de nós que nos tornássemos pessoas melhores para o ano que vem. Cada ano que se inicia já começa cheio de expectativas e cobranças... coitadinhos! Mas e nós? O que fazemos para merecer cada novo ano que se inicia?

Que todas as experiências vividas até agora na sua vida, livros lidos, viagens, momentos difíceis, tristezas, perdas, conquistas, sirvam efetivamente para seu crescimento pessoal, e que em 2011 você consiga ver com cada vez mais consciência a beleza da vida!


26 de dezembro de 2010

Pão de chocolate


Hoje foi dia de fazer pão. E lembra daquela receita que não acertei antes? Pois resolvi refazê-la, só porque fiquei devendo. Das coisas que gosto de fazer e comer, o pão é talvez minha preferida. A receita desse pão tirei de um livrinho que minha mãe me deu intitulado "Pains et Brioches", de Philippe Chavanne. Apesar de só levar farinha branca (sempre faço pão integral), resolvi tentar, pelo fato de ter cacau na massa e de ser muito simples, mesmo.
Tudo bem, essa não é exatamente uma receita específica para quem não pode ingerir laticínios, já que não leva nenhum, mas ficou tão gostoso que achei simpático compartilhar. Aqui vai a receita original (traduzida, claro...). Apesar de ser uma receita classificada no livrinho como "doce", o pão não fica muito doce.



Pão de chocolate

Ingredientes:

450 g de farinha de trigo
1 pacotinho de fermento seco para pão
25 g de açúcar mascavo
25 g de cacau
1 col. chá de sal
1 col. sopa de óleo
água morna (aproximadamente 1 xícara)


Como fiz:

Misture os ingredientes numa bacia. Faça um buraco no meio e adicione o óleo. Misture com um garfo e vá acrescentado a água até conseguir trabalhar a massa com as mãos. Vá acrescentando água até a massa se tornar lisa e homogênea. Sove a massa por alguns minutos e coloque-a numa travessa untada. Deixe crescer por 1 hora ou até a massa dobrar de volume. Sove novamente a massa só para expulsar o excesso de ar e coloque a massa numa forma de pão untada. Deixe crescer por mais 30 minutos e asse em forno pré-aquecido a 220°, por meia hora.


Observação: quando minha mãe leu aquele post sobre o pão que não deu certo, ela me mandou uma longa explicação sobre o que pode fazer um pão não dar certo. Basicamente, a culpa sempre é do fermento. Antes de fazer um pão, eu costumo testar o fermento: faça um "mingauzinho" misturando um pouco de água morna, farinha e açúcar. Coloque dentro o fermento seco. Espere alguns minutos. Se borbulhar, o fermento está vivo. Se depois de 10 minutos nada acontecer, desista do pão, pois o fermento não está bom. Você pode usar o mingauzinho com o fermento diluído sem problemas, considerando a quantidade de água que você pôs nele. E não esqueça: água muito quente mata o fermento, então sempre use água que dê pra colocar o dedo dentro e deixar sem sentir incômodo!

Clafoutis de Natal


Andei refletindo a respeito de minhas considerações sobre aquele meu livro francês de comida caseira. Se é verdade que a comida francesa muitas vezes utiliza leite nos ingredientes (sobretudo nas sobremesas), por que não colocar ao menos essas nesse meu blog sem leite? Afinal, em todas elas vou apelar pro leite de soja... Ok, concordamos então.

Não sei como é na sua família, mas na minha, festa mesmo se faz na véspera de Natal, com direito a entrega dos presentes a meia-noite, pelo homem mais velho da família (meu pai). É interessante observar que existe um certo padrão na categoria dos presentes: as crianças recebem brinquedos, as mulheres coisas de casa, os homens camisas, bebidas. A minha geração está no meio. Antes dos bisnetos nascerem (dos quais minhas filhas), eu fazia parte do grupo das crianças, eu e minhas primas e primos. Passada a fase da infância, começamos a receber presentes mais variados, como perfumes, cremes, roupas... (coisas de adolescente?). Ainda era assim até ano passado... Esse ano ganhei uma assadeira! Acho que estou entrando na categoria das mulheres!

No dia da véspera de Natal resolvi fazer uma receita do livrinho querido. Um Clafoutis é tudo o que há de mais francês dentre as receitas de sobremesas caseiras. Graças à globalização, podemos encontrar cerejas nos supermercados nessa época do ano. Não vou aqui discorrer sobre a qualidade das mesmas, mas enfim, temos cerejas, já é um assombro! Queria ter um lanche nosso, antes de partir para a comilança da festa de Natal.


Clafoutis de cerejas e pêssegos

Ingredientes:

300g de cerejas frescas
1 lata de pêssegos em calda, escorridos
1 colher de sopa cheia de manteiga
125g de farinha
50g de açúcar demerara
3 ovos
300 ml de leite de soja


Como fiz:

Espalhe a manteiga numa travessa grande redonda. Disponha as cerejas e os pêssegos cortados em fatias grossas no fundo da travessa.
Numa tigela, misture a farinha e o açúcar. Reserve. Em outro recipiente, bata os ovos com um batedor de arame e incorpore o leite. Misture mais um pouco.
Derrame a mistura de leite e ovos na farinha. Mexa tudo muito bem, até obter uma mistura homogênea e lisa.
Disponha a massa sobre as frutas e leve ao forno pré-aquecido a 180°C, por 40 minutos, ou até dourar.
Sirva morno.

17 de dezembro de 2010

Lasanha sem leite



Comprei um livro delicioso na I Feira do livro de João Pessoa, daqueles que a gente tem vontade de fazer TODAS as receitas. O livro se chama "Le petit Larousse des recettes de famille" (O pequeno Larousse das receitas de família) e contém absolutamente todas as receitas francesas clássicas que costumava comer quando morava com minha mãe, mais um tanto que comi quando fui morar na França, e outras que conhecia de nome e morria de vontade de aprender a fazer. Tudo bem, não vou dizer que tenho vontade fazer as receitas de coelho e linguiça de sangue (o "boudin")...
Enfim, por causa disso, deixei o blog às traças nesses últimos dias. Não que tenha passado quase um mês só namorando o livro, mas o tempo que tive, fiz receitas dele, que morri de vontade de colocar aqui, mas francamente não coloquei por medo de sair do foco. Esse é um blog sobre comida sem leite, certo? A ideia é propor soluções para receitas que originalmente levam leite, certo? Então me contive. As receitas do livro são tipicamente francesas... Achei que daria mais para um blog de comida francesa do que de comida sem leite. Me corrijam se eu estiver errada...

Bem, hoje foi um dia de molho em casa. Acordei com uma sinusite insuportável e não fui trabalhar. Se comi alguma coisa com leite? Não, não. O tempo aqui deu uma enlouquecida e acho que meus sinus devem estar bem confusos. E para aproveitar essa raridade fiz uma receita pro almoço (apesar do torpor) que gostaria de ter compartilhado há muito tempo. Antes de você me perguntar como eu tenho condições de ir pra cozinha com sinusite, saiba que cozinhar pra mim é remédio bom pra tudo, tipo... água de coco. Como o título do post indica, a receita é de lasanha, e pra mim, lasanha tem que ser de carne, desculpem os adeptos de lasanhas diferentes!

O mais importante da receita que segue é o molho branco. Você pode usar qualquer receita de carne moida que tiver ou souber, e aproximadamente 100g de massa para lasanha. Dá uma lasanha não muito grande, para duas pessoas famintas ou quatro comedidas.

Lasanha de carne sem leite

Ingredientes:

400g de carne moída cozida com molho de tomate
Aproximadamente 100g de massa para lasanha. Pode ser aquela que não precisa cozinhar antes de ir ao forno
Farinha de linhaça

Para o molho branco
1 col. (sopa) de cebola picada
1 col. (sopa) de manteiga
3 col. (sopa) de farinha de trigo
1 e 1/2 copo de leite de soja não adoçado
Sal, pimenta do reino moída na hora e noz moscada raladinha na hora, tudo a gosto



Como fazer:

Faça o molho branco: Leve ao fogo a cebola e a manteiga. Quando a manteiga estiver completamente derretida e a cebola ligeiramente macia, polvilhe tudo com a farinha de trigo. Misture bem com uma colher de pau até a farinha ser toda incorporada na manteiga derretida. Você vai obter uma farofa oleosa. Vá derramando o leite devagar, mexendo bem com um batedor de arame, até os grumos de farinha se dissolverem totalmente no leite (é interessante usar uma panelinha um pouco alta pra fazer o molho, assim você terá espaço pra mexer bem nesse momento). Quando o molho começar a engrossar desligue o fogo. Acrescente o sal, a pimenta e a noz moscada.
É um pouco difícil obter um molho sem caroço fazendo dessa forma. Para contornar a situação existem duas técnicas excelentes. A primeira (que minha mãe não leia esse post!) consiste em bater no liquidificador a farinha com o leite, e acrescentar essa mistura à cebola refogada. Você ganha em tranquilidade, mas perde em sabor. Sem dúvida, o roux, que é a farinha "cozinhada" na manteiga confere um gostinho incomparável ao molho branco. A segunda técnica consiste em fazer tudo como manda minha mãe, e antes de colocar os temperos, dar uma batida rápida num mixer ou liquidificador no molho já pronto, só pra ajudar na dissolução dos possíveis grumos que aparecerem. A partir daí é só colocar na panelinha de novo, dar uma leve esquentada e temperar depois de desligar o fogo. É importante notar que quanto mais ralo for o molho branco para uma lasanha mais macia e cremosa ela fica. Portanto, quando fizer o molho branco, assim que começar a engrossar pode desligar o fogo.




Monte a lasanha: Unte uma forma retangular não muito grande de azeite de oliva. Espalhe uma camada de carne moída, depois uma camada de molho branco e por último uma camada de massa. Continue alternando as camadas até acabar os ingredientes. Finalize com uma camada de carne e de molho branco. No final, salpique com farinha de linhaça e leve ao forno pré aquecido a 180°C por 20 minutos. Se preferir não usar a farinha de linhaça, leve ao fogo envolto em papel alumínio, para não ressecar a camada de cima da lasanha.



Para concluir, se você acha que não tem absolutamente nada a ver fazer molho branco com leite de soja, saiba que vale a tentativa. O que dá gosto ao molho é sem dúvida a MANTEIGA e a NOZ MOSCADA. Se você fizer do jeito que falei, botando a farinha e depois o leite, fica quase imperceptível o fato de você ter usado leite de soja. Acredite em mim.




Em tempo: a dor de cabeça descrita no início do post aconteceu na sexta feira passada e só hoje tive condições de terminar esse post. O que na verdade começou com uma provável sinusite na verdade se revelou numa tremenda dengue! Hoje, me sinto renascida!

Feliz Natal a todos os meus queridíssimos leitores!

1 de dezembro de 2010

Cozinhas para ler


Quem gosta de cozinhar gosta de livros de culinária, certo? Na verdade eu prefiro livros sobre comida, não necessariamente livros de receitas. Acho muito mais inspirador um romance cujos personagens vivem na cozinha do que um livro cheio de receitas umas atrás das outras... Entendam-me... livros de receitas são essenciais para achar uma ideia do que fazer naquele almoço especial ou no jantar daquela noite em que a inspiração simplesmente não vem. Mas o que me dá a vontade de ficar na cozinha um dia inteiro são aqueles livros que contam estórias de pessoas cozinhando, ou comendo...
Se você conhece alguém que gosta de cozinhar e de ler, tenho algumas sugestões de livros que podem agradar:

Escola dos Sabores, de Erica Bauermeister. Editora Sextante. O livro gira em torno de oito personagens que se conhecem em um curso de culinária. A estória é agradável, dá pra ler em um estalo (ideal pra ler naquelas viagens de avião ou ônibus um pouco longas), e de quebra ainda traz algumas receitinhas.







Os caçadores de Frutas, de Adam Leith Gollner. Editora Larousse. Um maluco que escreveu um livro inteiro sobre frutas, das mais raras às mais comuns. É bom para se ter uma visão mais "científica" das frutas e sobretudo quebrar alguns paradigmas sobre as frutas que comemos. Eu parei de comprar algumas, depois que li o livro. Você vai entender porque antigamente as frutas tinham gosto de fruta e hoje as frutas tem gosto de papel...





Uma história comestível da humanidade, de Tom Standage. Editora Zahar. Eis o que diz a contra-capa: "Tom Standage conta a história da humanidade de modo inusitado: através da comida. De grupos pré-históricos à Guerra Fria, da Era dos Descobrimentos à polêmica sobre os trangênicos, o autor nos mostra como os alimentos moldaram nosso mundo e determinaram o que somos hoje."
É isso mesmo. Um pouco de informação crítica sobre o que comemos hoje e porquê.




Afrodite, de Isabel Allende. Editora Bertrand Brasil. Livro clássico. Divertido, bem escrito e de quebra traz receitas inspiradoras. Para quem quer dar um up na relação, ou levar o marido pra cozinha ;).









Minha vida na França, de Julia Child e Alex Prud'homme. Editora Seoman. O filme Julie and Julia foi inspirado também nesse livro. Você pode achar que o tema está muito batido, mas vou confessar: esse livro é ótimo. Além de falar de comida o tempo todo, a autora dá uma lição de vida. Ela aproveitou a vida como poucos, sempre positiva e entusiástica!







Se você tiver alguma sugestão, deixe um comentário!